
A coopera??o entre a China e o Brasil em quest?es climáticas é fundamental para acelerar a transi??o energética rumo a uma economia de baixas emiss?es, afirmou a agr?noma Marina Guyot, gerente executiva de Clima, Uso da Terra e Políticas Públicas do Instituto de Manejo e Certifica??o Florestal e Agrícola (Imaflora), à margem da COP30.
Guyot destacou o papel de lideran?a da China tanto na redu??o de emiss?es quanto no desenvolvimento de energias renováveis ??e na restaura??o florestal durante uma entrevista à Xinhua.
"Sem dúvida, o compromisso da China em reduzir significativamente suas emiss?es e alcan?ar a neutralidade de carbono até 2060 é muito importante para as metas globais", observou a representante do Imaflora.
A especialista da organiza??o sem fins lucrativos observou que o país asiático "tornou-se o maior usuário de energia renovável e o que alcan?ou na última década em termos de transi??o energética e restaura??o florestal é notável", acrescentando que as metas da China agora se refletem em resultados tangíveis.
A agr?noma brasileira também enfatizou a importancia do multilateralismo como uma estrutura de governan?a global para lidar com as mudan?as climáticas.
"O multilateralismo é um importante instrumento de governan?a. Embora apresente desafios pragmáticos, é apropriado já que mudan?a climática é um desafio global que depende de múltiplas partes assumirem suas responsabilidades de forma coordenada", explicou.
Ela observou que os organismos multilaterais, como a Conferência das Partes (COP) da Conven??o-Quadro das Na??es Unidas sobre Mudan?a do Clima, "s?o fundamentais para se ter um ponto de referência comum, mensurar o progresso e garantir um entendimento compartilhado entre os países".
Em sua vis?o, os mecanismos multilaterais "permitem uma discuss?o mais justa e equitativa do problema, reconhecendo que os países mais pobres têm maior dificuldade de adapta??o e que existe um passivo histórico em que essas na??es, embora mais afetadas, também foram as mais exploradas".
No entanto, Guyot esclareceu que a coopera??o bilateral pode e deve complementar o sistema multilateral.
Nesse contexto, ela se referiu à influência da China, principal parceira comercial do Brasil desde 2009, que compra principalmente commodities agrícolas e minério de ferro.
"Brasil e China têm muito a colaborar, pois s?o parceiros comerciais muito importantes um para o outro."
A esse respeito, ela destacou que a coopera??o pode se concentrar nas cadeias de valor agrícola, especialmente na produ??o de carne e soja, setores relevantes tanto para o comércio quanto para a redu??o das emiss?es de gases de efeito estufa.
"Todas as quest?es relacionadas às emiss?es na produ??o desses produtos — principalmente pecuária e soja — representam uma vasta área de potencial colabora??o entre os dois países, abrangendo financiamento, melhores práticas e a transi??o para uma produ??o mais responsável, bem como monitoramento, incentivos e certifica??es", explicou.
Guyot observou que o Imaflora lan?ou recentemente o sistema de certifica??o "Beef on Track", que reconhece os protocolos já implementados pela pecuária brasileira.
"Esse sistema cria uma oportunidade para a China reconhecer esses esfor?os e gerar incentivos positivos para expandir o monitoramento", comentou a gerente do Imaflora.
“A pecuária é uma atividade de grande relevancia para as emiss?es brasileiras e tem potencial para gerar resultados positivos na sua redu??o. O reconhecimento e a ado??o dessa certifica??o pela China em sua rela??o com o Brasil podem ser um passo muito promissor”, afirmou.
A especialista também destacou a existência de instrumentos consolidados na produ??o de soja, como o “Protocolo Verde dos Gr?os” e a “Moratória da Soja”, que permitem a separa??o entre a expans?o agrícola e o desmatamento ilegal.
Além da agricultura, Guyot ressaltou que a China possui um notável programa de reflorestamento com áreas restauradas.
Nesse campo, a especialista do Imaflora afirmou: “Há um enorme potencial para colabora??o na restaura??o florestal”.
“Sem dúvida, toda a agenda climática, da restaura??o florestal à energia renovável, é uma área de convergência entre Brasil e China. Dada a importancia econ?mica de cada um para o outro, essas parcerias s?o muito bem-vindas e devem ser estruturadas de forma mais robusta”, acrescentou.
A COP30 está sendo realizada de 10 a 21 de novembro na cidade amaz?nica de Belém, no estado do Pará, norte do Brasil.