Os recentes comentários da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan intensificaram as tens?es diplomáticas com a China e desencadearam forte volatilidade nos mercados financeiros do Jap?o.

Em resposta às declara??es, Beijing emitiu alertas sobre viagens de turismo ou estudo, amplificando a indigna??o pública e o sentimento anti-China no Jap?o. Temendo uma queda acentuada no número de visitantes chineses, os investidores se desfizeram rapidamente de a??es de empresas de turismo e bens de consumo, fazendo com que as a??es de companhias como Shiseido e Mitsukoshi Isetan caíssem cerca de 10% na segunda-feira. As a??es da Japan Airlines também despencaram mais de 5,8% em determinado momento.

Aeronave japonesa decola de Tóquio. (China News Service)

O Instituto de Pesquisa Nomura estima que o alerta de viagem da China pode reduzir a receita do turismo japonês em cerca de 2,2 trilh?es de ienes (aproximadamente US$ 18,4 bilh?es).

Se as rela??es entre o Jap?o e a China se deteriorarem, ser?o os japoneses que sofrer?o, alertou Takakage Fujita, secretário-geral da Associa??o para a Heran?a e Propaga??o da Declara??o de Murayama, acrescentando que Takaichi arcará com as consequências.

Além disso, a economia japonesa n?o está em condi??es de suportar novos choques. Dados preliminares do governo divulgados na segunda-feira mostraram que a economia japonesa contraiu 1,8% em termos reais anualizados no terceiro trimestre de 2025, marcando a primeira contra??o em seis trimestres.

A retra??o do PIB era amplamente esperada, dado que a economia japonesa enfrentava infla??o persistente, consumo privado lento e tarifas americanas mais altas.

As exporta??es caíram 1,2% de abril a junho, enquanto as importa??es recuaram 0,1%. Como resultado, a demanda externa, ou seja, exporta??es menos importa??es, subtraiu 0,2% do PIB, representando metade da queda.

A indústria automobilística japonesa foi particularmente afetada. A partir de abril, o aumento das tarifas de importa??o de automóveis pelo governo dos EUA e as "tarifas recíprocas" afetaram duramente os fabricantes, que destinam cerca de 30% de suas exporta??es totais aos Estados Unidos.

Para manter a participa??o de mercado, muitas montadoras adiaram o aumento de pre?os, reduzindo significativamente seus lucros. As sete principais montadoras japonesas — incluindo Toyota, Honda e Nissan — registraram queda nos lucros no primeiro semestre do ano fiscal de 2025 (abril a setembro), segundo a Associa??o Japonesa de Fabricantes de Automóveis.

A economia japonesa continua fortemente voltada para a exporta??o, e a crescente incerteza em rela??o às tarifas está afetando investimentos e outras áreas importantes, afirmou Wu Yingjie, pesquisador do Centro de Pesquisa do Jap?o da Universidade de Negócios Internacionais e Economia, à agência de notícias China News Service.

Um economista sênior da Moody's Analytics em Tóquio alertou que, à medida que as empresas japonesas, principalmente as montadoras, adotam estratégias de redu??o de custos, o enfraquecimento das exporta??es pode desencadear efeitos em cadeia mais amplos em toda a economia, acrescentando que o Jap?o pode ter dificuldades para encontrar uma saída.

A competitividade tecnológica do Jap?o diminuiu nos últimos anos e sua posi??o nas cadeias industriais e de suprimentos globais enfraqueceu, afirmou Guo Rui, diretor do Departamento de Política Internacional da Escola de Administra??o da Universidade de Jilin, à China News Service. Ao mesmo tempo, o Jap?o também enfrenta escassez de m?o de obra, infla??o e outros desafios estruturais.

A competitividade tecnológica japonesa enfraqueceu nos últimos anos e sua posi??o nas cadeias de suprimentos globais se deteriorou, disse Guo. Ao mesmo tempo, a escassez de m?o de obra, a infla??o e outros problemas antigos continuam a pesar sobre o crescimento.

Guo observou que, desde que o governo Takaichi assumiu o poder, priorizou a política e a seguran?a, deixando de lado as preocupa??es econ?micas e de subsistência. Com os mercados já reagindo e os principais indicadores apontando para riscos crescentes, analistas alertam que o aventureirismo político só corroerá ainda mais a confian?a nas perspectivas econ?micas japonesas.