BRASíLIA, 19 de abril (Diário do Povo Online) - O Brasil acordou nesta segunda-feira em profunda crise política depois que os deputados aprovaram o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, levando apoiadores do governo a afirmarem que a democracia no maior país da América Latina está amea?ada.
Era necessário que 342 dos 513 deputados votassem a favor do impeachment, número que representa dois ter?os da Casa, para que o processo fosse aprovado na Camara. Esse número foi alcan?ado perto da meia noite, após cinco horas de vota??o. Depois da derrota no Plenário, a quest?o agora vai ser resolvida pelo Senado
Uma anima??o selvagem e uma explos?o de confetes irrompeu do grupo de oposi??o depois que o 342O voto foi declarado, em contraposi??o a fúria dos aliados de Dilma em um instante de amargo estado de espírito que consome o Brasil a apenas quatro meses dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Jacques Wagner, chefe do gabinete da presidente Dilma Rousseff, acusou os deputados de votarem contra a presidente sem terem provas de que ela tenha cometido qualquer crime. A presidente está sendo acusada de ter praticado o que se chama de pedaladas fiscais.
“A decis?o [na Camara dos Deputados] foi um retrocesso e amea?a interromper 30 anos de democracia no país," disse ele se referindo ao período da ditadura militar que o Brasil viveu até 1985.
"Foi um golpe contra a democracia", disse o chefe da Advocacia-Geral da Uni?o, José Eduardo Cardozo.
Esperava-se uma rea??o eufórica dos mercados financeiros, que têm apostado as fichas na saída da presidente Dilma e na forma??o de um governo mais favorável às empresas e que fa?a a economia do país voltar a crescer.
Do lado de fora do Congresso, onde dezenas de milhares de pessoas assistiam a vota??o pelos tel?es, a divis?o se ecoou em grande escala - com os apoiadores da oposi??o em festa e os defensores de Dilma em desespero.
"Eu estou feliz, feliz, feliz. Passei um ano na esperan?a de que Dilma fosse cair", disse a aposentada Maristela de Melo, de 63 anos.
Mariana Santos, 23, que apoia o governo Dilma come?ou a chorar, dizendo que a vota??o foi "uma desgra?a para o país".
Milhares de policiais estavam a postos do lado de fora do Congresso, e o gramado onde os grupos contrários estavam foi separado por um cumprido muro de metal.
A presidente, de 68 anos de idade, é acusada de manobras fiscais ilegais durante o ano de 2014, ano da sua reelei??o. Muitos brasileiros a culpam pela crise econ?mica e pelo enorme escandalo de corrup??o na Petrobras - um recorde amargo que deixou seu governo com apenas 10% de aprova??o.
Agora, a Camara dos Deputados envia o pedido de impeachment ao Senado, que deverá votar em maio sobre a possibilidade ou n?o de abrir o processo. Se o pedido for aceito - o que os especialistas consideram quase como certo – Dilma é afastada do cargo por até 180 dias, enquanto o julgamento está em curso.
Se o Senado, por maioria simples, aprovar o impeachment, Dilma é deposta e o vice-presidente Michel Temer assume até as elei??es em 2018.
Edi??o: Rafael Lima