Por José Medeiros da Silva e Renato Henrique de Gaspi

No último dia 02 de outubro de 2016 milh?es de brasileiros e brasileiras foram às urnas em 5.568 municípios para escolher seus prefeitos – que exercem fun??o executiva -- e vereadores, responsáveis pela parte legislativa e de fiscaliza??o das a??es do executivo municipal. Além de algumas vitórias pontuais de alcance nacional, como a do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em S?o Paulo, dois outros importantes recados foram transmitidos pelas urnas. Um, foi o de uma rejei??o quase generalizada ao Partido dos Trabalhadores (PT) que governou o Brasil nos últimos 13 anos; outro, foi o questionamento da credibilidade da classe política, através de um expressivo número de eleitores que se abstiveram, votaram em branco ou anularam seus votos.

Pensando o cenário de 2018, quando teremos elei??es para presidência do Brasil, para governadores e diversos parlamentares, é fácil apontar que o grande vencedor dessas elei??es municipais foi o governador de S?o Paulo, Geraldo Alckmin. Seu candidato, Jo?o Doria, surpreendeu a todos os concorrentes vencendo as elei??es ainda no primeiro turno. Ao evocar sua habilidade de gestor, Doria apelou para um segmento do eleitorado que, de t?o descrente com a política, somente consegue encontrar representa??o em um homem que se diz antipolítico.

No entanto, as elei??es paulistanas provocaram um fen?meno novo onde os principais perdedores n?o foram os concorrentes dos partidos adversários, mas os próprios correligionários do PSDB que disputam entre si a indica??o do partido para a disputa presidencial de 2018. Nomeadamente, José Serra, atual ministro das Rela??es Exteriores, e Aécio Neves, senador por Minas Gerais. Na comemora??o da vitória de Doria, a plateia foi muito clara: “Brasil, para frente, Geraldo presidente”. Palavra de ordem essa refor?ada pelo prefeito eleito: “... ele terá apoio dos brasileiros”. Aliás, merece registro o fato de José Serra n?o estar presente no palanque para comemorar a maior vitória de seu partido nessas elei??es.

Há de se destacar também que as portas do PSDB para que Serra se torne presidente do Brasil est?o fechadas desde que o mesmo foi derrotado nas elei??es de 2002 para o ent?o candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva. Sua ida para o governo Temer foi uma nova tentativa de viabilizar esse seu sonho para, quem sabe, sair candidato pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do atual presidente Michel Temer. Entretanto, caso haja um milagroso sucesso político e econ?mico do atual governo, outros caciques estariam bem melhor posicionados do que Serra. Um, seria o próprio Temer, que diz que n?o sairá candidato, e o outro seria o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.