Acompanhando a escalada do desemprego ao nível mais alto da história brasileira, o governo do país enfrenta uma impopularidade elevada, expressada através de um conjunto de manifesta??es populares e sindicalistas sem precedentes.
Desde a manh? da última sexta-feira (28 de abril), mais de 35 milh?es de brasileiros aderiram à maior greve de sempre do país contra a reforma neoliberal do presidente Michel Temer.
?nibus em chamas e confrontos com a polícia. A popula??o respondeu aos apelos dos sindicatos, pondo em marcha a primeira greve-geral dos últimos 20 anos da história brasileira, tendo sido registrados incidentes ao longo dos 26 estados e distritos federais do país.
Os protestos surgem no seguimento de um prolongado descontentamento com a classe política atuante — dela constam vários envolvidos no recente escandalo de corrup??o “l(fā)ava-jato” — e com os sucessivos cortes dos benefícios sociais e servi?os públicos.
Oito ministros s?o atualmente alvos de investiga??o por envolvimento em casos de corrup??o na Petrobras e na Odebrecht, as duas maiores empresas brasileiras. A popularidade de Michel Temer continua também a derrapar para mínimos.
A ex-presidente Dilma Rousseff, impugnada no ano transato, acusa também Temer de ter recebido avultadas quantias de subornos por parte de uma empresa de constru??o do país.
Alexandre Parola, porta-voz da Presidência da República, aligeirou a importancia da greve, dizendo que: “Uma greve é parte da democracia. é aceitável, desde que os participantes fiquem dentro da lei. O país ainda está funcionando”.
A greve n?o causou o fecho de todos os departamentos. No Rio de Janeiro, as empresas de ?nibus e do metr? apenas reduziram os servi?os. A maioria das lojas e bancos se mantiveram abertos. Os estudantes, porém, foram instruídos para permanecer em suas casas.
Na referida cidade, pelo menos 8 ?nibus foram incendiados e a polícia de choque foi chamada a intervir com disparos de balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Em S?o Paulo, as manifesta??es foram mais graves, com vários ?nibus impedidos de circular na cidade e incidentes violentos na estrada de liga??o ao aeroporto de Congonhas.
Apesar do sucedido, Temer e os membros de seu governo insistem que a greve falhou, declarando que o fato das uni?es trabalhistas terem como alvo os transportes públicos, impediu que a popula??o com disponibilidade para trabalhar o pudesse fazer.
Marco Clemente, líder da rádio e televis?o da uni?o de trabalhadores de Brasília, disse à Reuters: “é importante para nós enviar uma mensagem ao governo que o país está atento às suas a??es, retirando os direitos dos trabalhadores”.
Temer condenou o uso da violência por parte de alguns manifestantes, reiterando que os trabalhos de moderniza??o da legisla??o nacional ir?o continuar.
Muitos analistas consideram que a greve da sexta-feira n?o deverá ter influência significativa no esfor?o de implementa??o de medidas de austeridade por parte do presidente, sendo que suas propostas dever?o ser aprovadas.