A primeira cúpula do ano de ministros das Finan?as e presidentes de bancos centrais do G20 foi ontem concluída em Buenos Aires, Argentina, com a defesa do sistema multilateral de comércio.
O encontro, o primeiro de um total de cinco a serem realizados este ano, contou com a participa??o de 22 ministros das Finan?as, 17 presidentes de bancos centrais e 10 titulares de organiza??es internacionais, entre eles a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Os participantes debateram sobre o financiamento em infraestruturas, o futuro do trabalho e a tecnologia por detrás das criptomoedas no Centro de Exposi??es e Conven??es do bairro de Recoleta.
Um dos pontos de interesse foi o vínculo ao protecionismo e ao comércio internacional, numa altura em que os EUA impuseram taxas sobre as importa??es de a?o e alumínio, uma medida que entrará em vigor na sexta-feira e que gera preocupa??es na UE, ásia e América Latina.
Sem uma men??o explícita sobre o protecionismo, o documento final referiu a importancia do intercambio entre países.
“O comércio internacional e o investimento s?o motores importantes do crescimento, produtividade, inova??o, cria??o de emprego e desenvolvimento”, reiteraram os representantes do mecanismo reunidos em Buenos Aires.
“Reafirmamos as conclus?es dos nossos líderes sobre o comércio na Cúpula de Hamburgo (2017), e reconhecemos a necessidade de um maior diálogo e a??o. Estamos trabalhando para fortalecer a contribui??o do comércio às nossas economias”, acrescentaram.
O ministro argentino da Fazenda, Nicolás Dujovne, e o presidente do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, foram os anfitri?es durante as duas jornadas da cúpula ministerial, e os encarregados por difundir as principais conclus?es do evento em uma coletiva de imprensa.
“Já foi reafirmada a importancia do comércio internacional e foi ratificado que se deve continuar dialogando”, disse Dujovne.
O funcionário acrescentou ainda que a “Argentina reafirma o seu compromisso com o multilateralismo e com o comércio baseado em regras”.
Por seu turno, Sturzenegger mencionou que existe “um entendimento de que o comércio é bom para os países, há que aprofundar os acordos de forma que todos ganhem”.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse durante uma coletiva de imprensa à margem do encontro que o seu governo n?o busca, mas também n?o teme, uma guerra comercial.
“Devemos estar preparados para intervir em prol dos Estados Unidos, para defender um livre intercambio equitativo, baseado na reciprocidade”, disse Mnuchin.
Uma guerra comercial “n?o é o nosso objetivo, mas n?o temos medo”, afirmou o funcionário da administra??o Trump.
Previamente, o ministro espanhol da Indústria, Comércio e Competitividade, Román Escolano, declarou aos jornalistas que “o protecionismo foi objeto de discuss?o e os participantes aqui presentes pensam que é um grande erro histórico. Achamos que deve ser mantida a confian?a no rol multilateral que tanto nos custou a obter”.
O documento final indicou também que os integrantes do fórum consideraram “os principais riscos para o futuro da economia, incluindo as vulnerabilidades financeiras, que poderiam vir a revelar-se com um endurecimento das condi??es financeiras, mais rápido que o esperado, e um aumento das tens?es econ?micas e geopolíticas”.
O texto enfatizou, ainda, que “o sistema financeiro global deve permanecer aberto, resiliente, apoiando o crescimento e sendo feito com base em padr?es internacionais acordados. Continuaremos monitorando cuidadosamente e, caso seja necessário, abordaremos os riscos emergentes e as vulnerabilidades do sistema financeiro”.
Foi ainda reservado um parágrafo especial de reconhecimento às “inova??es tecnológicas, incluindo aquelas subjacentes aos criptoativos”, que “têm o potencial de melhorar a eficiência e fazer mais pelo sistema financeiro e pela economia no seu conjunto”.
No documento adverte-se que “os criptoativos, apesar de tudo, colocam quest?es relacionadas com a prote??o dos consumidores e investidores, com a integridade dos mercados, evas?o aos impostos, lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo”, devido à carência dos principais atributos que têm as moedas soberanas.
“A qualquer momento podem ter implica??es para a estabilidade financeira”, disseram os signatários do documento, apelando “aos organismos que estabelecem os padr?es internacionais que continuem a supervisionar os criptoativos e os seus riscos”.
Segundo Sturnzenegger, os ministros das Finan?as e presidentes dos bancos centrais do G20, dever?o ter recomenda??es concretas sobre o que fazer a esse respeito no próximo mês de julho.