Há mais de um ano atrás, o Presidente Xi Jinping defendeu de forma vigorosa o comércio livre no encontro anual do Fórum Econ?mico Mundial em Davos, impressionando o mundo com o inequívoco apoio da China à globaliza??o.
Essa posi??o é hoje mais relevante.
A globaliza??o, o processo histórico que tem vindo a aproximar diferentes países e povos ao longo dos últimos cinco séculos, está agora debaixo de fogo, sendo encarado com cada vez mais dúvidas. O isolacionismo está medrando, juntamente com o protecionismo comercial e o chauvinismo econ?mico.
Em particular, o ímpeto protecionista de Washington, é n?o somente preocupante, mas nocivo. Ao longo do último ano, os EUA têm tentado explorar concess?es dos seus parceiros comerciais ao impor-lhes várias tarifas punitivas.
A famigerada doutrina “América Primeiro”, promovida pelo Presidente Donald Trump em Davos, representa um desafio sério às regras do sistema de comércio multilateral, outrora impostas pelos próprios EUA.
Durante este momento crucial, no qual a globaliza??o precisa desesperadamente de adeptos, o Fórum Boao para a ásia está preparando o palco para o Presidente Xi refor?ar a posi??o da China.
N?o pode haver ocasi?o melhor. Boao, em tempos uma aldeia piscatória na província chinesa de Hainan, tornou-se hoje em dia, através da sua reuni?o anual, um dos portais dos países asiáticos para o resto do mundo.
A emergência deste resort de praias é apenas um exemplo da ascens?o da China, no passado um país isolado e subdesenvolvido, até se tornar a segunda maior economia do mundo. A fórmula mágica desta abertura da China para o exterior é a sua participa??o ativa na globaliza??o da economia mundial.
Ironicamente, o mundo ocidental, onde a globaliza??o originou, tornou-se agora hostil a este fen?meno, de diversas formas. Os céticos argumentam que a globaliza??o, que se reflete no comércio livre e aberto, está comprometendo postos de trabalho e estilos de vida nesses países.
Parece que os responsáveis pela elabora??o de políticas nesses países est?o partindo desses sentimentos cada vez mais generalizados — ou porque acreditam também nestes argumentos, ou porque querem angariar votos.
Todavia, todos aqueles que se opuserem à globaliza??o tendem a esquecer que o ocidente continua sendo o seu maior beneficiário.
Os países ricos continuam tendo o maior número de corpora??es multinacionais, como a Apple, McDonald’s ou IKEA. Estas empresas têm opera??es no exterior, onde os custos operacionais s?o mais baixos, para propalar os seus lucros e trazer de volta a maior fatia destes, deixando aos operários nos países em desenvolvimento apenas quantias irrisórias.
Quando os participantes de Boao trazem os seus iPhones para o fórum, alguns cálculos seriam produtivos antes de passarem a abordar o tópico da globaliza??o.
Portanto, o que levou afinal à incuba??o de sentimentos anti-globaliza??o no ocidente? A raz?o principal é a cada vez maior distribui??o econ?mica, apesar do fato que esta é cada vez maior.
De acordo com o Relatório de Desigualdade Mundial do ano passado, publicado pelo Laboratório de Desigualdade Mundial (World Inequality Lab) na Paris School of Economics, 1% dos intervenientes econ?micos arrecadaram 28% de ganhos agregados na América do Norte e na Europa Ocidental entre 1980 e 2016, enquanto que os 50% da base apenas conseguiram 9%.
Face a esta clivagem cada vez maior, os políticos de alguns países ocidentais falharam em conseguir delinear solu??es para os seus problemas domésticos. Ao invés disso, procuram bodes expiatórios no exterior, culpando países estrangeiros pelo desemprego e explorando o populismo.
Este ano assinala o 40o aniversário da política de reforma e abertura da China. Por ocasi?o do fórum Boao, o Presidente Xi deverá revelar várias novas medidas reformistas, de acordo com o chanceler chinês, Wang Yi. Tal demonstra que, apesar do crescente sentimento antiglobaliza??o em todo o mundo, a China continua sendo um apoiante desta corrente e de uma ordem mundial mais justa.