Uma parceria liderada por uma multinacional brasileira e apoiada por um investidor estrangeiro, que visa obter retorno de longo prazo no Brasil, estabeleceu um novo modelo cujo objetivo é atrair mais investimento estrangeiro direto (IED) para o Brasil.

O referido exemplo foi criado na sexta (19). O consórcio do grupo Votorantim Energia e da gestora de Fundos Canadian Pension Plan Investment Board (CPPIB), com uma única oferta, assumiu a estatal paulista CESP (Companhia Energética de S?o Paulo). Segundo executivos das empresas, as próprias empresas v?o financiar a aquisi??o, na propor??o de 50% cada.

De certa forma, esse modelo sinaliza a nova postura do governo Brasileiro em rela??o a privatiza??es de ativos estratégicos do Brasil. Os grupos empresariais privados brasileiros devem ter papéis mais determinantes nas privatiza??es.

No caso da CESP, o próprio grupo Votorantim Energia, que tem uma longa tradi??o com compromissos de desenvolvimento de longo prazo no Brasil, está liderando a aquisi??o. Além da gest?o técnica, o grupo Votorantim possui vasta experiência internacional, especificamente na América Latina, sendo que algumas de suas empresas est?o também listada nas bolsas americanas, ampliando suas fontes de financiamento.

Assim, como as aquisi??es realizadas por grupo estrangeiros, os analistas de mercado também prevêm um aumento do valor da CESP após a aquisi??o. Eles acreditam que a gera??o de fluxos de caixa será ampliada com a negocia??o de passivos e contingências judiciais trabalhistas, bem como com o aumento de eficiência e cortes de custos operacionais.

Com esse novo modelo, as grande multinacionais brasileiras n?o só atuam no exterior, mas também no mercado doméstico, ajudando nas privatiza??es. Essa nova tendência pode precisar de alguns ajustes, como, por exemplo, a falta de outro grupo estrangeiro no leil?o. Como o leil?o só teve uma proposta e n?o houve disputa de valor, o consórcio arrematou a CESP com uma oferta de 14,60 reais por a??o, um acréscimo simbólico de 2,1% em rela??o ao pre?o mínimo, de 14,30 reais.

Nestes termos, seria interessante que o governo brasileiro explicitasse melhor as condi??es e as regras de privatiza??es que pretende conduzir, principalmente em ativos classificados como estratégicos. Deste modo, n?o só os grupos estrangeiros que já atuam no Brasil, mas também vários grupos que est?o negociando as aquisi??es, podem ajudar o governo brasileiro. Com mais participa??es, o governo poderá obter mais lucros na venda de ativos e continuar contando com parcerias internacionais que visam retorno e compromisso de longo prazo no Brasil.  

Autor: Hsia Hua Sheng (Professor de Finan?as Aplicadas da FGV-EAESP e da UNIFESP-EPPEN)