Por Lyu Chengcheng, correspondente da Xinhua
Beijing, 9 mar (Xinhua) -- No final de janeiro, a cidade chinesa de Wuhan, epicentro da COVID-19, adotou uma série das medidas resolutas para conter a propaga??o do coronavírus, com todos os canais de saída fechados, carros proibidos de circular nas ruas e comunidades residenciais colocadas em quarentena rigorosa durante 24 horas. No entanto, ainda ficam lá muitos estudantes internacionais que também têm testemunhado uma vida de "bloqueio" por 46 dias desde ent?o.
Lilyan Barros, estudante cabo-verdiana inscrita no mestrado na Central China Normal University, é uma delas.
MEDO E ESFOR?OS
No dia 23 de janeiro, mesmo dia que a cidade foi fechada, sua residência universitária come?ou a tomar medidas de preven??o e controle.
"Medo, primeiramente o medo de contágio que tivemos no início, colocamos as máscaras e despejamo-nos no supermercado para comprar comidas e produtos de uso diário."
Mesmo antes do "bloqueio", a universidade dela despertou a aten??o de todos os alunos e come?ou a recrutar voluntários. Barros se integrou à equipe e foi responsável pela distribui??o de comidas e suprimentos, além da comunica??o entre os estudantes estrangeiros e o gabinete dos assuntos de estudantes internacionais.
Em 2 de fevereiro, a universidade estreitou ainda mais suas políticas, pedindo a todos os estudantes que se mantivessem em seus quartos e depois, trancou as portas. Na mesma altura, os voluntários come?aram a tomar a??es.
"Procuramos medidas para evitar ao máximo os contatos desnecessários, por tal, todas as mensagens que vêm da escola só ser?o passadas via Wechat, e as refei??es ser?o entregues à porta do dormitório. Quem quiser fazer compras, tem de escanear um código QR e fazer pedidos online, os funcionários do supermercado da escola v?o entregá-los."
Dia-a-dia, eles precisam monitorar a temperatura corporal de todos os moradores do edifício ao distribuir comidas. "Temos divis?o do trabalho, um é para medir, os outros s?o para dar refei??es e guiar os alunos para n?o se reúnam."
"Cada um receberá dez máscaras de sete a dez dias, porque só pode descer as escadas e tirar suas refei??es com isso, enquanto os voluntários e funcionários têm de colocar todos os equipamentos: máscaras, luvas e artefatos de desinfec??o."
"Ninguém quer ser infeccionado. Todos nós sabemos que o vírus tem alto risco de transmissibilidade, ent?o é perigoso sair para a rua neste período. Passamos a viver apenas para evitar o contágio, à vista disso, a maior parte do tempo é para fazer limpeza e desinfec??o."
ROTINA NOVA
Até o início de mar?o, este sistema de quarentena corria tranquilamente com o esfor?o de coordena??o trilateral entre estudantes, voluntários e a universidade.
"Essas medidas aliviaram efetivamente o panico entre nós, porém, interromperam completamente a rotina normal."
"As nossas vidas ficaram a girar todo os dias nos quartos, em exce??o à assistir aulas online, e assim já se passaram por volta de 40 dias. Para mim, essas 24 horas parecem 48", suspira ela. "Mesmo que o gabinete nos oferecesse consulta de saúde, muitos tinham sensa??o de cansa?o ou até a ins?nia."
"Mas sabemos que n?o há outro remédio nesta altura, porque a situa??o pedia."
CONFIAN?A E ESPERAN?A
No dia 2 de mar?o, as autoridades chinesas da saúde anunciaram que Wuhan apresenta uma tendência bem controlada de surgimento de casos confirmados. Tendo recebido essa notícia, a confian?a e as esperan?as floresceram de volta entre os estudantes internacionais e a universidade.
"Partilhamos notícias positivas entre si. Caso meus colegas encontrassem informa??es que n?o confiavam, iriam contactar comigo e eu faria confirma??es nos sites em chinês."
Barros iniciou sua vida de estudo em Wuhan há sete anos e meio.
"Esta cidade é a minha segunda casa e, neste momento, para eliminar o coronavírus, as pessoas aqui travam uma luta que n?o tem sangue, nem violência, mas todos nós somos soldados", disse ela. "Temos de fazer o que devemos fazer para vencê-lo."
"Fico grata à minha universidade. Gra?a às medidas adotadas, n?o há nenhum registro de infec??o no meu dormitório até agora. Também aprecio muito os médicos e voluntários em Wuhan, cujos esfor?os vêm trazendo bons efeitos."
"Para sanar a dificuldade, é bom que n?o percamos a confian?a e a esperan?a", disse ela.