Por Renato Lu e Fátima Fu

Mesmo que distantes geograficamente, a China e Portugal têm enfrentado em conjunto a pandemia do novo coronavírus.
Desde o início do surto na China, os dois países mantiveram contactos entre as mais altas entidades e as diversas camadas sociais, com express?es de solidariedade de parte a parte.
No dia 7 de maio, o presidente Xi Jinping destacou, durante uma conversa telef?nica com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, que a China estaria disponível para fornecer assistência e ajuda no transporte de materiais médicos até Portugal.
Cidades chinesas como Beijing, Shanghai e Shenyang, entre outras, doaram materiais a cidades portuguesas, incluindo Lisboa, Porto e Braga, com as quais existem protocolos de gemina??o. De acordo com as estatísticas disponíveis, desde o início do surto em Portugal, a China, entre outros equipamentos médicos, doou mais de 1 milh?o de máscaras, 600.000 pares de luvas, 120.000 viseiras, mais de 100 ventiladores, 10 sistemas de vídeo.
José Augusto Duarte, o embaixador de Portugal na China, expressou, em entrevista exclusiva concedida por escrito ao Diário do Povo Online, a gratid?o à China pela ajuda nestes tempos críticos.
“é verdade que Beijing, Shanghai e Shenyang fizeram doa??es de material contra a propaga??o do Covid-19 às cidades de Lisboa, Porto e Braga. Mas para mim, mais que o elevado valor material dos bens doados em si acho que é de valorizar, acima de tudo, o gesto espontaneo de solidariedade e de generosidade destes municípios chineses, bem como o de muitos outros empresários e entidades diversas da China para com o meu país. Em Portugal costumamos dizer que em tempos de alegria e abundancia é fácil termos amigos, mas é nos momentos mais difíceis que conhecemos o verdadeiro sentido da amizade”.
Desde que despoletou o surto, a China adotou medidas rigorosas para conter a propaga??o da epidemia e compartilhou com a comunidade internacional informa??es e experiências na preven??o, controle e tratamento da Covid-19. O embaixador, que diz ter acompanhado os desenvolvimentos desde o início, afirma que, “daquilo que vi nas televis?es e li nos jornais, a China travou uma seríssima batalha nacional contra a Covid-19 desde janeiro passado e essa batalha foi acompanhada pelos órg?os de comunica??o social do mundo inteiro”.
Com a pandemia no país cada vez mais controlada, a China está paulatinamente retomando a produ??o industrial e a normalidade da vida social.
Abordando a tendência do desenvolvimento econ?mico da China, o embaixador afirmou que “a China é um país de gente trabalhadora e determinada e n?o tenho dúvidas que este povo ultrapassará, como sempre o fez no passado, as dificuldades que encontra pela frente”. No entanto, deixa o alerta de que “temos de ser realistas e ter presente que enquanto n?o tivermos uma vacina contra a Covid-19, o mundo n?o conseguirá retomar o crescimento que estava a ter antes do surgimento desta pandemia”.
“é por isso da maior importancia para toda a humanidade que as na??es e os cientistas unam esfor?os para juntos ultrapassarmos este desafio que é de todos. Enquanto houver uma na??o ou um povo afetado com a Covid-19 e sem termos vacina, haverá sempre riscos de contágios n?o controlados. Este vírus é um grande inimigo do desenvolvimento e da prosperidade, mas também da globaliza??o. é por isso do nosso interesse juntarmos esfor?os, trocar conhecimentos e erradicar este vírus para seguirmos de novo os nossos caminhos", considera.
Devido aos constrangimentos impostos pela epidemia, as sess?es anuais do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh) e da Assembleia Popular Nacional (APN) deste ano foram adiadas, respetivamente, para 21 e 22 de maio. Durante estes eventos, as duas metas previstas para o ano de 2020 - a concretiza??o de uma sociedade modestamente confortável e a erradica??o total da pobreza - ser?o seguramente alvo de destaque.
O embaixador expressou que ficaria “extremamente satisfeito” se esses objetivos fossem alcan?ados no ano de 2020 deixando, contudo, algumas ressalvas: “N?o nos podemos esquecer que 2020 também é um ano de pandemia global do Covid-19 com consequências muito significativas em todas as na??es em rela??o aos planos de crescimento económico”.
O entrevistado concluiu com algumas palavras de enaltecimento aos esfor?os que a China tem vindo a promover: “Pessoalmente tenho o maior respeito e apre?o pela forma como a China empreendeu um processo de reforma e abertura há 40 anos e que lhe tem permitido alcan?ar um nível de prosperidade e de desenvolvimento tecnológico notáveis e dignos, naturalmente, do aplauso de todos”.
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