Recentemente, o embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet. concedeu uma entrevista exclusiva para a China Media Grupo (CMG, sigla em inglês).
Na conversa, ele agradeceu, em primeiro lugar, o apoio oferecido pela China no combate ao Covid-19 no Brasil. Segundo ele, quando a China foi afetada pela primeira onda da pandemia do novo coronavírus, o governo e o povo brasileiros encorajaram e prestaram assistência ao governo e ao povo chinês. Quando a situa??o na China foi atenuada e o Brasil come?ou a enfrentar desafios severos, a China ofereceu solidariedade e apoio firme aos esfor?os brasileiros na luta contra o coronavírus.
“Nós sentimos a mesma solidariedade do lado chinês, tanto do governo como do povo ao longo das últimas semanas, um grande número de voos levaram equipamentos da China para o Brasil, e muitos mais est?o previstos para as próximas semanas”,disse o embaixador.
O diplomata brasileiro afirmou também que existe a quest?o da troca de evidências, de opini?es e de conhecimento que vai sendo gerada ao longo do tempo no combate à epidemia e para, se possível, a sua supera??o. Para ele, as a??es têm funcionado de maneira eficiente, mas ainda há muito o que fazer, ainda há muitas coisas que n?o se conhece sobre a evolu??o da pandemia, o que poderá ser feito para superá-la, mas o país está satisfeito com a forma como tem funcionado a coopera??o entre os dois governos.
Na 73a Assembleia Mundial da Saúde, que foi realizada há pouco tempo, o presidente chinês, Xi Jinping, declarou que a vacina chinesa, quando estiver desenvolvida e pronta para aplica??o, será um “bem público mundial” e “será a contribui??o da China para garantir a disponibilidade e acessibilidade de pre?o da vacina aos países em desenvolvimento”.
Para o embaixador brasileiro, é importante que todos os países tenham essa mesma atitude de reconhecer uma vacina como algo que será necessário para todos e acessível a pre?os razoáveis para todos os países, porque todos sofrem com a pandemia, e somente através da uni?o e da coopera??o é que será possível superar de forma satisfatória esse desafio.
Desde o estabelecimento das rela??es diplomáticas, a China e o Brasil vêm sempre mantendo uma boa coopera??o econ?mica, mas a epidemia do novo coronavírus exerceu um grande impacto ao comércio bilateral no início deste ano.
Mesmo assim, o embaixador tem uma atitude positiva. Ele indicou que as coopera??es entre China e Brasil, em algumas áreas, continua se desenvolvendo apesar da epidemia. O comércio de alimentos entre os dois países apresentou até mesmo crescimento nesse primeiro semestre, o que mostra o empenho dos dois países em manter esse comércio. Ambos contribuem um com o outro, porque esses alimentos s?o importantes para a China, assim como a importa??o pela China para a manuten??o da atividade econ?mica é para o Brasil. “é claro que algumas partes do comércio foram prejudicadas, por exemplo, empresas brasileiras que dependem de cetros insumos industriais chineses tiveram queda de produ??o por falta de insumos no primeiro semestre, mas, aos poucos, isso vai se normalizando, e é importante que os dois países busquem solu??es para estas quest?es”, salientou.
No relatório de trabalho do governo chinês, n?o foi definida uma meta concreta do crescimento do PIB em 2020. Para o embaixador, a epidemia tem uma influência negativa na economia, mas ele considera a ocasi?o como uma boa oportunidade, tanto para a China como para os outros países em desenvolvimento, para ajustarem seus próprios modelos de crescimento econ?mico. Ele disse que, de um lado, existe evidentemente um impacto muito grande, como já foi mencionado em rela??o aos empregos. Mas, agora, países como a China e o Brasil talvez possam aproveitar essa ocasi?o para fazer certos ajustes de crescimento, buscando n?o apenas o quantitativo, mas também qualitativo. Isso é algo que a própria China já vinha pensando e trabalhando há algum tempo. “Nós somos países que já pensamos em um nível de renda em que n?o basta apenas adicionar quilos de concreto e de a?o na nossa produ??o, mas sim fazer com que as pessoas tenham qualidade de vida”, afirmou Estivallet. Para o diplomata, é uma circunstancia negativa, mas talvez este evento que levou a essa decis?o de n?o estabelecer uma meta quantitativa neste ano sirva de impulso adicional para as transforma??es que a China já vinha fazendo, e que agora talvez possam ser feitas ou devam ser buscadas de forma ainda mais acelera.