O secretário-geral das Na??es Unidas (ONU), António Guterres, pediu nesta quinta-feira aos Estados-membros que fa?am compromissos concretos, com datas estipuladas e ambiciosos para com a lideran?a e a participa??o plena das mulheres.
"A COVID-19 demonstra que precisamos urgentemente de um forte empurr?o para cumprir a promessa n?o cumprida de Beijing (a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres realizada em Beijing em 1995). Isso é fundamentalmente uma quest?o de poder, por isso come?a com a representa??o igual das mulheres em cargos de lideran?a, em governos, salas de reuni?es, nas negocia??es climáticas e na mesa da paz -- em todos os lugares s?o tomadas decis?es que afetam a vida das pessoas", disse o chefe da ONU em uma reuni?o de alto nível sobre o 25o aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres.
"Para isso, será necessário medidas direcionadas, incluindo a??es e cotas afirmativas. Esta é uma quest?o de direitos humanos e um imperativo social e econ?mico", disse o chefe da ONU.
A Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: A??o pela Igualdade, Desenvolvimento e Paz foi convocada pela ONU durante 4 a 15 de setembro de 1995 em Beijing, quando governos de todo o mundo concordaram com um plano abrangente para alcan?ar a igualdade de gênero legal global, conhecida como Plataforma de A??o de Beijing.
"A Conferência de Beijing foi um divisor de águas; um marco; um ponto de virada. Para muitos de nós, foi um momento de reflex?o profunda. A vis?o ousada e a agenda transformadora da conferência de Beijing deixaram claro primeiro, que os direitos das mulheres s?o centrais para a igualdade e a justi?a em todos os lugares; e segundo, que eles s?o negados, obstruídos e ignorados - em todos os lugares", disse o chefe da ONU.
"Desde ent?o, tivemos alguns avan?os importantes. A mortalidade materna caiu quase 40% desde 1995. O número de meninas na escola é maior do do que nunca na história", disse o secretário-geral.
Falando sobre o que pode ser melhorado, o chefe da ONU disse que "n?o cumprimos a vis?o ambiciosa da Declara??o de Beijing".
"Uma em cada três mulheres ainda experimenta algum tipo de violência em sua vida. Todos os anos, 12 milh?es de garotas se casam antes dos 18 anos. Em algumas partes do mundo, níveis de feminicídio -- a morte de mulheres -- poderiam ser comparados a uma zona de guerra. Em 2017, uma média de 137 mulheres em todo o mundo foram mortas por um membro de sua própria família todos os dias", disse ele.
"As mulheres ainda s?o frequentemente excluídas das negocia??es de paz, das negocia??es climáticas e dos papéis decisórios de todos os tipos. Em todo o mundo, as mulheres têm apenas 75% dos direitos legais dos homens", disse o chefe da ONU.
Citando um estudo do Banco Mundial, Guterres disse que "pode levar 150 anos para realizar a paridade de gênero na renda auferida ao longo da vida. E esse fechamento dessa lacuna geraria US$ 172 trilh?es em riqueza de capital humano."
Falando sobre o impacto da pandemia de COVID-19 sobre as mulheres, o chefe da ONU disse que "mulheres e meninas est?o sofrendo o peso do enorme impacto social e econ?mico da pandemia".
Referindo-se à igualdade de gênero no sistema das Na??es Unidas, o secretário-geral disse que a ONU "alcan?ou a paridade de gênero em nossa lideran?a no início de 2020, com 90 mulheres e 90 homens como líderes seniores em tempo integral".
"Agora estamos trabalhando pela paridade em todos os níveis, n?o apenas pelo bem da nossa equipe feminina, mas porque a lideran?a e a participa??o das mulheres tornam as institui??es mais eficazes -- como vimos na resposta à pandemia", disse Guterres.
"Repito meu apelo por a??es urgentes e abrangentes sobre a violência de gênero. As Na??es Unidas est?o trabalhando para eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas, inclusive através de nossa parceria com a Uni?o Europeia, a Iniciativa Spotlight", disse o secretário-geral.
Guterres disse que "precisamos de mudan?as transformadoras e lideradas por mulheres nas estruturas e quadros fracassados explorados por essa pandemia".
"Essa é a única maneira de implementarmos a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e termos vidas com dignidade e oportunidade para todos", disse.