José Medeiros da Silva
Organizada pela Rússia, a 12a Cúpula do BRICS será realizada neste 17 de novembro de 2020. Devido a pandemia da Covid-19, desta vez o evento será realizado por videoconferência. A ausência física dos principais líderes que formam o BRICS (Brasil, Rússia, índia, China e áfrica do Sul) deve atenuar um pouco a sua atmosfera política, assim como a sua repercuss?o midiática, principalmente porque n?o teremos as famosas reuni?es presenciais, bilaterais e multilaterais entre suas principais lideran?as. Mas mesmo que a realiza??o virtual dessa Cúpula a torne mais “fria” e protocolar, sua realiza??o será de extrema importancia.
“Parceria do BRICS para a Estabilidade Global, Seguran?a Comum e Crescimento Inovador” foi o tema escolhido para essa 12a Cúpula. Evidentemente, dentro dessa pauta geral sobre os desafios para a manuten??o da estabilidade política global e a necessidade de se retomar o crescimento econ?mico, será interessante observar qual a leitura que esses cinco líderes far?o sobre o cenário político internacional.
Na parte da seguran?a global, é preciso observar que houve grandes mudan?as no ambiente internacional desde que o BRICS foi oficializado em 2009. Mesmo dentro dos BRICS, houve uma grande mudan?a de como os seus atores interpretam o cenário internacional e suas possíveis amea?as. Porém é importante observar que os BRICS n?o foram criados para lutar contra uma supremacia geopolítica específica, mas para que esses países em desenvolvimento pudessem, juntos, defender melhor os seus interesses nacionais. E a premissa de que os seus membros s?o países em desenvolvimento continua inalterada. Por isso mesmo, os interesses convergentes continuar?o maiores do que qualquer divergências pontuais.
Assim, devido o prolongamento da pandemia e diante das incertezas que rodam o cenário político e econ?mico mundial, mais do que nunca os grandes países em desenvolvimento precisam atuar juntos na busca de solu??es comuns que atenuem os efeitos negativos da crise atual.
Como países em desenvolvimento, os membros dos BRICS foram os mais afetados por essa pandemia. Seus desafios econ?micos e sociais, que já eram grandes, agora s?o ainda maiores. Isso é mais um motivo para que esses países compartilhem suas percep??es, exponham suas inquietudes, busquem pontos de convergências e intensifiquem a colabora??o para que possam gerar mais resultados positivos, maximizar os ganhos mútuos e beneficiar os seus povos. Nessa perspectiva, o BRICS continua sendo um palco privilegiado e a realiza??o dessa 12a deve refor?ar ainda mais a sua relevancia.
O autor é doutor em Ciência Política e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang.