O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na última sexta-feira que as atuais tragédias internacionais que existem no mundo evidenciam o fracasso das institui??es internacionais e voltou a defender mudan?as na governan?a mundial.
Durante seu discurso na segunda reuni?o de cúpula virtual Vozes do Sul Global, organizada pelo primeiro-ministro da índia, Narendra Modi, Lula assegurou que o Brasil "tem trabalhado incansavelmente pela paz" no Conselho de Seguran?a da ONU, embora tenha sido prejudicado pelo direito de veto no órg?o.
"As tragédias humanitárias a que estamos assistindo evidenciam a falência das institui??es internacionais. Por n?o refletirem a realidade atual, elas perderam efetividade e credibilidade. Em seu mandato no Conselho de Seguran?a da ONU, o Brasil tem trabalhado incansavelmente pela paz. Mas as solu??es s?o reiteradamente frustradas pelo direito de veto", disse o presidente brasileiro, segundo relato da Agência Brasil.
Desde que tomou posse em janeiro, Lula tem defendido, em diversos discursos em fóruns internacionais, que o atual modelo de governan?a, criado após a Segunda Guerra Mundial, já n?o representa a geopolítica do século 21. Para o presidente brasileiro, é necessária uma representa??o adequada dos países emergentes em órg?os como o Conselho de Seguran?a das Na??es Unidas.
Para Lula, os países necessitam recuperar a confian?a no multilateralismo.
"Precisamos recuperar nossas melhores tradi??es humanistas. Nada justifica que as principais vítimas dos conflitos sejam mulheres e crian?as. é preciso restituir a primazia do direito internacional, inclusive o humanitário, que valha igualmente para todos, sem padr?es duplos ou medidas unilaterais", acrescentou em alus?o ao conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, que já causou a morte de quase 5.000 crian?as na regi?o.
Lula também mencionou que durante a presidência do Brasil no G20, que come?a em dezembro, lan?ará luz sobre as necessidades dos países do Sul global, em particular a luta contra a fome e o combate às mudan?as climáticas.
Para o presidente, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável s?o o "resumo mais fiel" das aspira??es do chamado terceiro mundo, mas só uma quinta parte das metas tem avan?ado como se esperava.
Nesse sentido, prop?s a redu??o das desigualdades como objetivo síntese da agenda global.
"Caso contrário, o abismo entre países ricos e pobres só irá crescer. Falharemos com as milh?es de pessoas que passam fome no mundo, enquanto bilh?es de dólares s?o gastos para travar guerras. Seremos os mais afetados pela mudan?a do clima, mesmo que n?o tenhamos sido, historicamente, os maiores responsáveis pelas emiss?es de gases do efeito estufa".
"Nos tornaremos vítimas de nova corrida predatória por recursos naturais, incluindo minerais críticos, sem a oportunidade de diversificar nossas bases produtivas", ressaltou Lula.
"Seguiremos sem acesso a medicamentos, repetindo - na express?o do diretor-geral da OMS - o "apartheid de vacinas" que vimos na pandemia de COVID-19. Viveremos o impacto da inteligência artificial sobre nossos empregos, sem participar da sua regula??o. E muitos de nós continuar?o sufocados por dívidas que limitam a capacidade do Estado de promover o desenvolvimento sustentável", concluiu o presidente brasileiro.