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José Luís Fiori: A ”multipolaridade” e o declínio cr?nico do Ocidente (2)

Fonte: Diário do Povo Online    19.06.2024 10h30
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A “multipolaridade” – uma disputa violenta e indefinida

é muito comum ouvir políticos e analistas internacionais afirmarem que o sistema internacional está transitando de uma “ordem mundial unipolar e globalizada” para uma nova “ordem mundial multipolar e desglobalizada”.

Mas esta equa??o aparentemente simples esconde uma enorme complexidade, porque a palavra “transi??o” sugere linearidade, dire??o e conhecimento do lugar de onde se está partindo e do lugar para onde se está indo, e hoje n?o está claro nem o ponto em que se encontra a transforma??o do sistema mundial, nem muito menos o que viria a ser uma nova ordem mundial multipolar.

Com rela??o ao ponto de partida dessa “transi??o”, o que se pode dizer é que estamos assistindo a um processo de implos?o, fragmenta??o e decomposi??o de uma ordem estabelecida, e esse processo está se dando de forma desordenada e conflitiva.

O mundo n?o está no fim de uma guerra com ganhadores claros; pelo contrário, está no meio de duas guerras, sem perspectiva de acabar, envolvendo múltiplos atores, em pleno combate, e sem nenhuma disposi??o de negociar a paz.

Em termos muito amplos, pode-se dizer que, de um lado, se encontram várias potências regionais em “ascens?o”, e de outro, o bloco das “potências ocidentais” que resistem a dar passagem a essas novas potências regionais ou globais, e n?o se disp?em a abrir m?o da supremacia mundial que conquistaram e exerceram nos últimos 300 anos, pelo menos.

Esse enfrentamento está se dando de forma cada vez mais direta e violenta, sem regras ou grandes preocupa??es com a ética internacional, e sem respeito às “regras” da “economia de mercado”, através da guerra, ou através da manipula??o política da moeda, das finan?as e da concorrência econ?mica.

N?o estamos vivendo um momento de vitória e submiss?o, nem de negocia??o e acordo entre países que competem entre si e que se disp?em a negociar uma nova ordena??o hierárquica do poder mundial.

Pelo contrário, o mundo está em plena conflagra??o e nenhum país ou conjunto de países tem hoje capacidade de impor sua vontade sobre o resto do mundo, e n?o existe o menor consenso sobre eventuais caminhos de negocia??o, por mais que os líderes das grandes potências mundiais falem da necessidade de uma nova ordem mundial.

O que existe de fato é guerra, militariza??o, decomposi??o econ?mica e crise social, e uma perda generalizada das referências éticas construídas pelo Ocidente nos últimos séculos.

Sobretudo depois que os Estados Unidos e seus aliados europeus caíram prisioneiros da armadilha que eles mesmos montaram na Palestina, sendo obrigados a armar e sustentar o Estado de Israel, mesmo sabendo do genocídio que está sendo praticado contra o povo palestino na Faixa de Gaza.

Uma armadilha que vem corroendo a ideia da “excepcionalidade moral” do Ocidente, e erodindo os fundamentos éticos de sua hegemonia cultural dentro do sistema internacional.

No entanto, com rela??o ao “ponto de chegada” dessa “transi??o”, n?o existe o menor consenso nem a menor ideia do que seja ou do que poderá vir a ser exatamente uma nova “ordem mundial multipolar”.

O único que sabemos do ponto de vista puramente formal é que uma ordem multipolar n?o deverá ser igual à uma ordem “bipolar” como a que vigorou durante a Guerra Fria, entre 1945 e 1991; nem deverá ser igual à ordem “unipolar”, que vigorou depois do fim da Uni?o Soviética, e da vitória norte americana na Guerra do Golfo, em 1991/92.

Mas n?o dá para ir muito além desta especula??o formal sem conhecer o resultado das guerras que est?o em curso, e sem poder definir quais ser?o os membros do “clube das grandes potências” dessa nova ordem multipolar.

Ninguém duvida de que este clube incluirá, pelo menos, EUA, China, Rússia, índia e, talvez, uma Uni?o Europeia modificada, militarizada e recentralizada a partir da Alemanha.

Ainda assim, n?o se sabe se haverá hierarquia e qual será, entre esses países? Se haverá alguma hegemonia interna, ou se todos aceitariam uma configura??o horizontal entre poderes considerados equivalentes e equipotentes?

é bem possível que esta nova ordena??o mundial fosse “mais democrática” do que a ordem unipolar que está sendo destruída, mas n?o há garantia de que n?o se transforme rapidamente numa “ordem oligopólica”, monopolizada por um grupo de no máximo seis ou sete grandes potências.

Assim mesmo, n?o é impossível imaginar que pudesse haver também um pacto ou entente entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores potências do grupo, desde que elas conseguissem administrar suas divergências e competi??o à morte, no campo tecnológico.

Neste caso, o mundo poderia estar se aproximando da hipótese clássica de Karl Kautsky sobre a possibilidade de um “superimperialismo”, como aconteceu com os deuses pacificados por Júpiter após serem reincluídos no Olimpo.

De qualquer maneira, mesmo no plano puramente hipotético, é muito pouco provável que isto pudesse acontecer, considerando o grau e a intensidade da competi??o atual entre as duas superpotências.

Tudo isto s?o especula??es, obviamente, porque é impossível prever o que acontecerá. Mas uma coisa é absolutamente certa: é impossível que o mundo transite de forma pacífica e harmoniosa na dire??o desta multipolaridade.

Pelo contrário, o que se vê pela frente é uma disputa sem fronteiras e sem limites de nenhum tipo entre potências em ascens?o e um grupo de outras potências que dominaram o mundo nos últimos três séculos e que n?o querem abrir m?o de seu poder mundial.

Neste quadro, n?o há a menor possibilidade que ocorra algo do tipo que algumas teorias chamam de “transi??o hegem?nica”, com substitui??o regular e periódica de uma potência líder por outra que assumiria o comando econ?mico e militar do mundo, em lugar de sua predecessora.

A China n?o tem pretens?o nem deve assumir um lugar igual ao que é ocupado hoje pelos Estados Unidos dentro do sistema mundial.

A Rússia e a índia n?o têm esta pretens?o, nem disp?em dos recursos para exercer a fun??o de “polícia militar” do mundo.

Mas com certeza, nenhum desses países, e vários outros, como Ir?, Turquia, Indonésia, Brasil e áfrica do Sul, n?o est?o dispostos a seguir aceitando o arbítrio das antigas potências ocidentais.

Balan?o feito, o certo é que n?o há o menor espa?o e disposi??o de negocia??o entre as grandes potências, muito pelo contrário.

Por outro lado, n?o há o menor espa?o para uma “guerra mundial” que n?o venha a ser at?mica, e por isso o mais provável é que ela siga sendo transferida ou protelada. O mundo está mudando numa velocidade muito grande, e a ordem mundial do pós-Guerra Fria chegou ao fim.

Mas o “Ocidente” deve resistir, e tem poder para tanto; e seja como for, permanecerá dentro do sistema mundial como um dos seus polos mais poderosos do ponto de vista econ?mico, tecnológico e militar.

Nesta hora, olhando para o futuro, o que se consegue ver, para além dos conflitos imediatos, é um mundo atravessando um período muito longo de turbulência, instabilidade e imprevisibilidade, com uma sucess?o de conflitos e guerras locais.

E se for isto que se está chamando de “transi??o para a multipolaridade”, ent?o é melhor “apertar os cintos”, porque a trepida??o vai ser intensa, e deve se prolongar por muitos anos ou décadas.

De qualquer maneira, durante este tempo de trepida??o, que pode se prolongar até a segunda metade do século XXI, a defesa da multipolaridade será cada vez mais a bandeira dos países e dos povos que se insurgem neste momento contra o imperium militar global exercido pelo Ocidente, durante os últimos 300 anos da história da Humanidade, mesmo que n?o saibam exatamente, neste momento, o que virá a ser esta ordem multipolar do futuro.

*José Luís Fiori é professor emérito da UFRJ. Autor, entre outros livros, de O poder global e a nova geopolítica das na??es (Boitempo)


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