O Centro de Pesquisa e Preven??o de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) do Brasil divulgou na última sexta-feira, em entrevista coletiva em Brasília, o relatório preliminar sobre o acidente do voo 2283 da empresa Voepass que caiu em Vinhedo, interior de S?o Paulo, no dia 9 de agosto, deixando 62 mortos, 58 passageiros e 4 tripulantes.

O relatório indicou que a caixa preta registrou o momento em que os pilotos relataram problemas no sistema de degelo no início do voo. O sistema de degelo, ou "de-ice", é responsável por retirar o gelo que já se formou e se acumulou na estrutura da aeronave.

"A tripula??o comenta falhas no sistema de lan?amento da asa (responsável pela quebra do gelo). O piloto e o copiloto comentaram duas vezes sobre o gelo durante uma hora e alguns minutos de voo", disse o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, pesquisador do CENIPA.

N?o obstante, o chefe do CENIPA, brigadeiro Marcelo Moreno, disse que o problema ainda n?o foi confirmado com dados.

"Este é um extrato onde um dos tripulantes disse indicar que houve uma falha no sistema de degelo, mas esta informa??o n?o foi confirmada no sistema de dados", destacou Moreno, que ressaltou que o prazo de um mês é muito cedo para determinar qual será a principal linha de investiga??o.

"Em nenhum momento foi declarada emergência, nem aos controladores de voo, nem às aeronaves próximas", afirmou Mendes Fróes.

O avi?o turboélice ATR 72 partiu de Cascavel, no estado do Paraná (sul), com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em S?o Paulo (sudeste), mas caiu por volta das 13h30 (16h30 GMT) de sexta-feira, 9 de agosto, pouco antes de chegar ao seu destino.

As duas caixas pretas do avi?o chegaram ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados dos Gravadores do CENIPA, em Brasília, no dia 10 de agosto. A agência informou em 13 de agosto que extraiu com sucesso as grava??es de voz e voo.

Os registros vêm do Cockpit Voice Recorder (CVR), que é o gravador de voz da cabine, e do Flight Data Recorder (FDR), responsável por registrar dados de voo, como altitude e velocidade, entre outros.

Segundo o CENIPA, o piloto informou ao controle de aproxima??o de S?o Paulo que estava em condi??es ideais de descida às 13h18, mas a torre solicitou que ele mantivesse a altitude de 17 mil pés.

às 13h20, o piloto informou que estava na posi??o solicitada pelo controle, mas em seguida a aeronave perdeu comunica??o com a torre. O CENIPA explicou que os pedidos de redu??o de altitude foram inicialmente negados porque havia outros avi?es em rota convergente.

A manuten??o estava em dia de acordo com os registros técnicos, o que significa que a aeronave no momento da decolagem estava em condi??es de aeronavegabilidade.

A aeronave foi certificada para voar em condi??es de gelo e os pilotos receberam treinamento para voar nessas condi??es. Era esperado gelo intenso na rota do voo.

O relatório preliminar foi compartilhado com as famílias das vítimas da queda do avi?o no início da tarde. O relatório final da investiga??o ainda n?o está concluído.