Especialistas brasileiros e chineses abriram ter?a-feira em Brasília o Fórum Brasil-China - Marcos para uma Nova Fase de Coopera??o para o Desenvolvimento Compartilhado, com ênfase especial na agricultura familiar, tecnologia e soberania alimentar.
Organizado pela Universidade de Brasília e pelo Instituto Taihe, o evento, que termina nesta quarta-feira, ocorre no marco dos 50 anos de rela??es diplomáticas entre os dois países.
O evento é coorganizado pela Associa??o Internacional de Coopera??o Popular (Baobab/IAPC) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de contar com o apoio de institui??es importantes como a Secretaria-Geral da Presidência do Brasil e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O primeiro dia come?ou dedicado à discuss?o dos novos fundamentos da geopolítica contemporanea e das solu??es para o desenvolvimento nacional no Sul Global.
Na mesa de abertura, Marcio Pochmann, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disse que vivemos uma crise da modernidade ocidental, que precisa ser superada, tendo as guerras e as mudan?as climáticas como suas grandes manifesta??es.
"A quest?o central é a nossa capacidade de construir um modelo de modernidade que supere o declínio do modelo de modernidade ocidental dos últimos 500 anos. Um modelo na perspectiva Sul-Sul para que possamos recolher resultados diferentes daqueles que tivemos até agora", ressaltou.
Jo?o Pedro Stédile, do Movimento dos MST, por sua vez, destacou a complexidade da crise internacional, que evidencia o que chamou de "declínio econ?mico do império dos Estados Unidos", com muitos países discutindo um processo de desdolariza??o.
Segundo Stédile, o modelo de agricultura familiar é o futuro do Brasil, mas enfrenta grandes desafios para produzir alimentos preservando o meio ambiente. Para isso, disse, é muito importante a coopera??o solidária com pessoas como os chineses que já avan?aram no desenvolvimento tecnológico e na mecaniza??o da produ??o agrícola familiar.
Yue Haiping, vice-presidente da empresa chinesa de tecnologia SEMP TCL, que come?ou como uma joint venture binacional, destacou que a empresa emprega mais de 2 mil trabalhadores brasileiros, com duas bases fabris em Manaus.
O executivo ressaltou o potencial que a China e suas empresas têm na "constru??o de capacidades avan?adas para ajudar na transforma??o e moderniza??o da indústria brasileira", além da coopera??o científica e tecnológica entre os dois países, e na transi??o energética.
Liang Yongmei, do Instituto Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, falou virtualmente sobre o caminho para a moderniza??o do modelo chinês baseado na história da industrializa??o na República Popular da China.
"As culturas do mundo s?o diversas e a prosperidade e o desenvolvimento a longo prazo só ser?o possíveis se explorarmos resolutamente o caminho da moderniza??o de acordo com as nossas condi??es nacionais", disse ele.
As discuss?es do fórum continuar?o analisando estratégias tecnológicas no campo da agricultura familiar, com a participa??o de representantes de institui??es brasileiras e chinesas e de organiza??es como a Confedera??o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e a Marcha Mundial das Mulheres.
O segundo dia terá como foco a mecaniza??o, a moderniza??o e a agricultura digital no contexto da agricultura familiar. Participar?o figuras relevantes, como autoridades do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, acadêmicos da Universidade Agrícola da China e líderes de movimentos sociais brasileiros.
Posteriormente, ser?o abordados a soberania alimentar, a agroecologia e a transi??o ecológica, com uma discuss?o liderada por representantes governamentais, pesquisadores e lideran?as do MST, que explorar?o a intersec??o entre sustentabilidade e desenvolvimento rural.
O evento culminará com a cerim?nia de lan?amento do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promo??o de Tecnologia e Mecaniza??o para Agricultura Familiar.
Este evento contará com discursos de ministros dos dois países, assinatura de memorando de coopera??o entre a Universidade de Brasília e a Universidade Agrícola Chinesa, exposi??o de máquinas agrícolas chinesas e visitas ao Laboratório Vivo de Agroecologia Digital Familiar.