Liu Shiyao, Diário do Povo

Ilustra??o dos 59o e 60o satélites do Sistema de Satélite de Navega??o BeiDou-3 (BDS-3). (Foto fornecida pela Academia Chinesa de Ciências)

Há alguns meses, a China lan?ou dois novos satélites para o Sistema de Navega??o BeiDou-3 (BDS-3), a partir do Centro de Lan?amento de Satélites de Xichang, na província de Sichuan, sudoeste da China.

Os dois satélites, o 59o e o 60o da família BeiDou, foram o segundo grupo de satélites de órbita média da Terra lan?ados desde que o BDS-3 foi formalmente comissionado para fornecer servi?os de navega??o por satélite em todo o mundo. Eles foram também os dois satélites finais para o BDS-3.

O Sistema de Navega??o BeiDou (BDS) é um projeto construído e operado pela China. Após vários anos em desenvolvimento, ele se tornou um novo elemento importante da infraestrutura da China, fornecendo servi?os de posicionamento, navega??o e cronometragem de alta precis?o e 24 horas por dia para usuários globais em todos os climas.

A China come?ou a desenvolver seu próprio sistema de navega??o por satélite em 1994. No final de 2000, o BDS-1 entrou em servi?o e come?ou a fornecer servi?os de posicionamento na China. Em 2012, o BDS-2 foi concluído para fornecer servi?os de posicionamento passivo para a regi?o da ásia-Pacífico. Em 2020, o BDS-3 foi oficialmente comissionado para fornecer servi?os de navega??o por satélite em todo o mundo.

Uma das chaves que permitiu que o BDS-3 se expandisse da cobertura regional para a global é que ele realizou medi??es e comunica??es entre satélites por meio de links intersatélites, ou ISL.

O ISL, uma abordagem ousada e inovadora, refere-se a uma linha de comunica??o entre satélites - um link sem fio capaz de transmiss?o de dados e medi??o de distancia entre espa?onaves. Com base em esta??es terrestres domésticas chinesas, essa tecnologia permite que os satélites BeiDou "fora de vista" no lado distante da Terra estabele?am conex?es com outros satélites BeiDou, garantindo, assim, uma comunica??o perfeita em toda a constela??o.

Com a colabora??o de mais de 400 organiza??es e os esfor?os de mais de 300.000 pesquisadores, o BDS representa as constantes melhorias e atualiza??es da China na navega??o por satélite.

Em mar?o de 2015, a China lan?ou o primeiro satélite experimental BDS-3, o qual envolveu 70% de tecnologias recém-desenvolvidas, mantendo opera??es sólidas desde ent?o.

Tradicionalmente, a propor??o de novas tecnologias usadas em satélites n?o excede 30%. Como conseguiu esse satélite empurrar esse limite para 70%? Lin Baojun, pesquisador da Academia de Inova??o para Microssatélites da Academia Chinesa de Ciências e designer-chefe do BDS-3, dá a resposta.

"Normalmente, s?o necessários cerca de 10 anos para desenvolver uma tecnologia-chave, enquanto um satélite geralmente opera por mais de 10 anos. Isso significa que, quando um satélite conclui sua miss?o, ele está usando tecnologias que já têm 20 anos. é, por isso, crucial adotar uma abordagem inovadora e voltada para o futuro no desenvolvimento de satélites", disse Lin.

Lin simplificou a estrutura do satélite ao unir mais de 10 subsistemas, como componentes estruturais e controle térmico, em quatro grandes cadeias funcionais: eletr?nica, controle, estrutura e carga útil. Essa simplifica??o melhorou a confiabilidade de todo o sistema. Após repetidas sele??es e testes, Lin e sua equipe adotaram componentes e processos de fabrica??o maduros para garantir a implementa??o de novas tecnologias, tornando o satélite tecnologicamente avan?ado.

Fontes dizem que o BDS fez avan?os em várias tecnologias-chave, alcan?ando o desenvolvimento independente de vários componentes-chave. Todos os componentes principais dos satélites BDS-3 s?o desenvolvidos e produzidos de forma independente pela China.

Zheng Xiaodong, engenheiro sênior do 54o Instituto de Pesquisa da China Electronics Technology Group Corporation, se dedica ao desenvolvimento do sistema terrestre do BDS há mais de 20 anos. Sua equipe desenvolveu, de forma independente, o sistema de comunica??o de mensagens curtas exclusivo do BDS-3.

Distinguido de outros sistemas de navega??o por satélite que s?o limitados ao posicionamento passivo e podem determinar apenas a posi??o dos usuários, o BDS-3 n?o só pode saber "onde estou", mas também compartilhar "o que estou fazendo".

Quando outros métodos de comunica??o falham em caso de emergências, como terremotos repentinos ou problemas marítimos, os servi?os de comunica??o de mensagens curtas podem ser indispensáveis para enviar sinais de socorro e salvar vidas.

De modo a levar mensagens via satélite a todas as casas, a equipe de Zheng inovou, ao ter a ideia de equipar celulares com a fun??o de comunica??o de mensagens curtas BDS-3.

"Isso requer que o produto alcance transmiss?es de alta potência e recep??es de alta sensibilidade em um design extremamente compacto", explicou Zheng.

A equipe superou os principais desafios tecnológicos, como aquisi??o rápida de alta sensibilidade e design de banda base RF integrado, e desenvolveu o primeiro chip de baixo custo e baixa potência do mundo para comunica??o de mensagens curtas no terminal do consumidor.

Hoje, os servi?os de comunica??o de mensagens curtas BDS-3 foram empregados em mais de 2.500 reservatórios em todo o país para monitoramento hidrológico. Mais de 10 milh?es de bicicletas compartilhadas, equipadas com chips de posicionamento de alta precis?o BDS produzidos de forma independente na China foram implantadas, e telefones celulares equipados com servi?os de comunica??o de mensagens curtas foram lan?ados.

O BDS está agora profundamente integrado a uma variedade de indústrias, tornando-se um importante motor para o desenvolvimento econ?mico e social da China.