Por Zhang Rong e Lu Yang

Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva  (Foto: Lu Yang / Diario do Povo Online)

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que terminou sua visita de Estado pela China nesta quarta-feira (14), realizou hoje uma coletiva para a imprensa internacional em Beijing. Na ocasi?o, ele destacou a importancia da parceria estratégica com a China, o fortalecimento dos BRICS e a defesa firme do multilateralismo como caminho para a constru??o de um mundo mais justo e equilibrado.

Lula iniciou sua interven??o ressaltando a relevancia de sua visita à China, a segunda durante o atual mandato. "é extremamente importante analisar o crescimento da rela??o do Brasil com a China. Em 2003, tínhamos um fluxo comercial de US$ 6,6 bilh?es. Hoje, atingimos US$ 160 bilh?es, com tendência de alta", destacou.

Apesar do superavit de US$ 31 bilh?es em favor do Brasil, o presidente refor?ou que o objetivo é um comércio mais equilibrado e recíproco: "O bom comércio é aquele em que ambos compram e vendem".

O presidente brasileiro também defendeu que a coopera??o com a China vá além do comércio e envolva áreas como inova??o tecnológica, transi??o energética, inteligência artificial e desenvolvimento sustentável. "Queremos que os chineses nos ajudem a dar esse salto tecnológico", afirmou.

No campo político, Lula fez um apelo contundente pela valoriza??o do multilateralismo, criticando tentativas de imposi??o de vis?es unilaterais no cenário internacional. "Foi o multilateralismo que sustentou certa concórdia no mundo após a Segunda Guerra Mundial. Enfraquecê-lo é um erro", declarou, defendendo também o combate ao protecionismo.

O presidente celebrou avan?os nas negocia??es comerciais entre a China e os Estados Unidos, apontando uma flexibiliza??o nas tarifas como sinal positivo para o equilíbrio global. Enfatizou ainda que o Brasil busca boas rela??es com todas as potências: "Quando quero melhorar com a China, n?o é para piorar com ninguém. Quero melhorar com os EUA, com a Uni?o Europeia".

Ao relembrar o reconhecimento da China como economia de mercado ainda em seu primeiro mandato, Lula afirmou que a China deve ser vista "com mais carinho e sem preconceito", citando o feito histórico do país asiático ao tirar 800 milh?es de pessoas da pobreza em apenas quatro décadas. “A China n?o é só um exemplo para o Brasil, é um exemplo para o mundo”.

Sobre os BRICS, Lula disse acreditar que o bloco representa uma nova for?a geopolítica do Século XXI. "Queremos que os países em desenvolvimento sejam respeitados na ordem mundial. Os BRICS s?o a possibilidade de mudar a história e incluir os excluídos no sistema político e econ?mico global".

Ele também mencionou a proposta de realizar comércio em divisas locais, reduzindo a dependência do dólar. “N?o queremos brigar com o dólar, mas criar alternativas. Quem decidiu que o dólar seria a moeda padr?o?”, questionou, propondo um sistema mais justo para os países em desenvolvimento.

Na quest?o da paz global, Lula reiterou o papel do Brasil como defensor do diálogo e da resolu??o pacífica de conflitos. “O Brasil é o país do consenso, da democracia, da paz. N?o temos contencioso com nenhum país do mundo”.

Por fim, ao mencionar a futura realiza??o da COP30 no Brasil, o presidente refor?ou a necessidade de uma nova governan?a global baseada na igualdade, na parceria e no respeito mútuo: “O mundo n?o quer mais chefes nem xerifes. Queremos parceiros”.

Com essa vis?o ampla e firme, o presidente Lula reafirma o protagonismo do Brasil na constru??o de uma nova ordem internacional mais inclusiva, solidária e sustentável.