A política externa da China, caracterizada por iniciativas como o Fórum China-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a Iniciativa Cintur?o e Rota (ICR) e o BRICS Plus, está estabelecendo bases para um novo tipo de globaliza??o, segundo um artigo publicado recentemente pelo jornal China Daily.

Essas iniciativas têm implica??es geopolíticas contemporaneas significativas, indicou o escritor do artigo, Javier Vadell, que é professor associado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais do Brasil e coordenador do curso de pós-gradua??o sobre a China Contemporanea.

Durante a quarta reuni?o ministerial do Fórum China-CELAC, ocorrido em 13 de maio em Beijing, várias iniciativas foram lan?adas. A China e os países da ALC aprovaram dois documentos: a Declara??o de Beijing, que reafirmou o compromisso dos dois lados com a paz, o desenvolvimento e a coopera??o; e o Plano de A??o Conjunto (2025-2027), que delineia iniciativas específicas nas áreas como tecnologia, comércio, investimento, infraestrutura e coopera??o Cintur?o e Rota. No ano passado, o comércio entre a China e os países da América Latina e Caribe (ALC) ultrapassou US$ 500 bilh?es pela primeira vez.

A reuni?o também serviu de plataforma para a expans?o da ICR, com mais de 20 países latino-americanos e caribenhos já signatários. Nessa ocasi?o, a Col?mbia aderiu à ICR e o Brasil assinou um acordo de coopera??o para desenvolver sinergias no ambito da ICR, disse o autor.

A liga??o de coordena??o entre as potências emergentes e o Sul Global é ainda mais fortalecida pela expans?o do BRICS, que se tornou outro ponto focal geopolítico da nova era multipolar. A próxima Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, em julho de 2025, apresenta uma nova oportunidade para incentivar as bases de um consenso global renovado que deve considerar as diversas vozes do Sul Global, segundo Javier Vadell.

A regi?o da ALC está buscando novos horizontes para o desenvolvimento, enquanto a China representa uma oportunidade concreta para a ALC diversificar suas rela??es econ?micas, culturais e políticas e se envolver com o continente asiático, o novo centro da economia global, disse Javier Vadell.

Nos últimos anos, intensificaram-se as discuss?es em torno de uma ordem mundial em transforma??o. Nesse contexto em evolu??o, estruturas políticas inovadoras, como a ICR e o BRICS Plus, s?o essenciais para promover uma maior interconectividade econ?mica e cultural entre os países do Sul Global, disse o autor, acrescentando que construir as bases para uma nova globaliza??o inclusiva, liderada pelas principais potências emergentes, exige uma arquitetura de governan?a global revitalizada.

O artigo acredita que o surgimento dessas novas institui??es fortalece ainda mais a liga??o de coordena??o entre as potências emergentes e o Sul Global, tornando-se assim um ponto focal geopolítico na nova era multipolar.

Em meio a profundas mudan?as sistêmicas, o papel da China como o maior país em desenvolvimento e uma grande potência emergente torna-se crucial. é fundamental para restabelecer a confian?a entre os países, com base em uma funda??o renovada de globaliza??o inclusiva, que deve ser institucionalizada por meio de uma reforma da governan?a global, disse.

A China busca aprofundar seu relacionamento com a regi?o da ALC por meio do Fórum China-CELAC, da ICR e do BRICS Plus, em um momento em que a regi?o está demonstrando sua própria voz e desempenhando um papel relevante na política global. Esse processo contínuo nos convida a repensar a arquitetura internacional e os horizontes alternativos para a civiliza??o humana, com o objetivo de superar o caos sistêmico e consolidar uma globaliza??o inclusiva, plural e interconectada, com base no direito internacional, de acordo com o autor.