Nesta segunda-feira, negociadores políticos (Sherpas) dos países-membros do BRICS iniciaram no Rio de Janeiro sua terceira e última rodada de discuss?es técnicas antes da Cúpula de Líderes, que será realizada nos dias 6 e 7 de julho.
O encontro, liderado pelo sherpa brasileiro Mauricio Lyrio, durará até 4 de julho e servirá para delinear os eixos que nortear?o os chefes de Estado e de governo na próxima semana.
Desta vez, os três temas centrais s?o saúde, inteligência artificial e mudan?as climáticas. Lyrio, que também atua como secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, enfatizou que "a diplomacia, por meio da coopera??o internacional, facilita o acesso a recursos e tecnologias nos países do BRICS, como vacinas, e oferece benefícios concretos para as pessoas".
Em sua vis?o, a inteligência artificial pode se tornar uma aliada no enfrentamento dos desafios globais, incluindo a emergência climática e a resposta à saúde, objetivos que a política externa brasileira busca "traduzir em resultados tangíveis para a vida cotidiana".
Em rela??o à saúde, os ministros do BRICS aprovaram uma declara??o neste mês recomendando a cria??o de uma "Parceria para Eliminar Doen?as Socialmente Determinadas".
O documento prop?e ampliar a coopera??o em vacinas e transformar a alian?a de países do Sul Global em um catalisador para a??es integradas e multissetoriais voltadas à redu??o das desigualdades, em linha com a Organiza??o Mundial da Saúde, que identifica fatores como fome, pobreza e acesso precário à moradia como determinantes vitais da saúde.
Em rela??o à inteligência artificial, a presidência brasileira está promovendo o desenvolvimento de uma estrutura de governan?a internacional que garanta o uso ético da tecnologia, visando à solu??o de problemas como pobreza, déficits educacionais, mudan?as climáticas e doen?as. Em sua recente reuni?o, os ministros da Ciência, Tecnologia e Inova??o do BRICS concordaram com a necessidade de ampliar o acesso dos países do Sul Global à infraestrutura tecnológica e aos idiomas, e de fortalecer a coopera??o para o desenvolvimento de ferramentas baseadas em inteligência artificial.
Na frente climática, representantes seniores do BRICS assinaram um compromisso sem precedentes, que define maneiras de financiar a??es de mitiga??o e adapta??o em países em desenvolvimento.
Os principais pontos incluem a reforma dos bancos multilaterais, a expans?o do financiamento concessional e a mobiliza??o de capital privado para garantir fluxos para países com necessidade urgente de recursos. Ao mesmo tempo, os ministros do Meio Ambiente aprovaram uma declara??o que destaca o "multilateralismo ambiental" e a necessidade de uma governan?a global equilibrada e inclusiva para proteger os ecossistemas.
As duas reuni?es Sherpa anteriores lan?aram as bases para a agenda. A primeira, realizada em fevereiro em Brasília, endossou os temas propostos pelo Brasil e abordou a revis?o do Plano Estratégico de Obstetrícia na Esfera Econ?mica, um plano quinquenal que o país anfitri?o busca renovar.
Em abril, já no Rio de Janeiro, o segundo turno incorporou pela primeira vez representantes da sociedade civil, passo considerado decisivo para refletir as demandas sociais no processo decisório. Ali, ficou acertado que o Novo Banco de Desenvolvimento seria o principal agente financiador da industrializa??o do Sul Global.
Com a terceira reuni?o em andamento, os negociadores est?o aprimorando documentos e compromissos que os líderes devem endossar em menos de uma semana. O Brasil, que ocupa a presidência do BRICS em 2025, espera que os acordos resultantes promovam uma coopera??o mais "objetiva" e abordem de forma eficaz os desafios do desenvolvimento sustentável compartilhados pelas economias emergentes.