Nos arredores de S?o Paulo, caminh?es pesados circulavam em Barueri, transportando chaminés de a?o vindas da China, alinhadas com precis?o. Em breve, essas estruturas se transformariam na primeira usina de gera??o de eletricidade a partir da incinera??o de resíduos do Brasil.
Em julho deste ano, a usina Waste-to-Energy entrou oficialmente na fase de instala??o e constru??o, com previs?o de entrada em opera??o em 2027. O projeto foi concebido para processar 870 toneladas de resíduos sólidos por dia, com capacidade instalada de 19,1 megawatts, suficiente para tratar o lixo gerado por mais de 740 mil habitantes e fornecer eletricidade a cerca de 320 mil pessoas.
Baseada na incinera??o de resíduos, a usina combina a inova??o verde chinesa com a busca brasileira por solu??es sustentáveis, prometendo transformar toneladas de lixo em energia limpa. O complexo ocupará aproximadamente 37 mil metros quadrados e simboliza uma parceria concreta entre tecnologia e sustentabilidade.
A linha de incinera??o, o cora??o da usina, está sendo construída em conjunto pela PowerChina SEPCO1 Electric Power Construction Co., Ltd. e pelo Northwest Electric Power Design Institute Co., Ltd., subordinado ao China Power Engineering Consulting Group.
Segundo Wang Tonglei, engenheiro da SEPCO1 e gerente do projeto, o empreendimento reflete o esfor?o conjunto de integrar a tecnologia verde da China às necessidades e normas brasileiras. O objetivo é oferecer uma solu??o de duplo benefício, que combine gest?o ambiental eficiente com gera??o de energia limpa.
O projeto surgiu em resposta a um desafio crescente. Barueri é um importante polo comercial, que abriga sedes de grandes empresas multinacionais. O rápido desenvolvimento, no entanto, trouxe novos desafios, especialmente na gest?o de resíduos sólidos.
"O município precisava de autossuficiência na gest?o de resíduos, já que hoje encaminhamos os resíduos para outro município", disse Ivan Vanderley, secretário adjunto de Meio Ambiente de Barueri, acrescentando que a usina representa a solu??o tecnológica para essa dependência, permitindo n?o apenas a autogest?o dos resíduos, mas também a produ??o de energia limpa em escala municipal.
O processo tecnológico, baseado em sistemas consolidados de incinera??o chineses e ajustado às regulamenta??es ambientais do Brasil, inclui uma série de etapas rigorosamente controladas.
Os resíduos passar?o por misturadores mecanicos e fermenta??o natural em po?os fechados antes de seguirem, por garras automatizadas, aos fornos de grelha mecanica, onde ser?o queimados em estágios.
Os gases resultantes ser?o purificados em várias fases, incluindo torres de rea??o semi-seca e filtros de mangas, garantindo emiss?es dentro dos padr?es ambientais.
Para Rodrigo Bombonatto Assump??o, responsável pela implanta??o do projeto, que visitou diversas usinas na China, o modelo representa um avan?o tecnológico importante. A experiência chinesa em engenharia e opera??o industrial foi essencial para adequar o projeto às condi??es e regulamenta??es brasileiras, afirmou.
O Brasil, observou Bombonatto, enfrenta desafios crescentes no tratamento de resíduos, sobretudo nas áreas urbanas densamente povoadas, onde ainda é comum a queima a céu aberto. A expectativa é que a experiência de Barueri sirva como referência nacional, mostrando que é possível transformar resíduos em uma fonte sustentável de energia.
Cidades de todo o país acompanham de perto o andamento da usina e avaliam se o modelo pode ser aplicado em locais com alta produ??o de lixo e espa?o limitado para novos aterros, acrescentou Vanderlei.
A energia verde é uma prioridade comum para Brasil e China. O Brasil disp?e de abundantes recursos renováveis, enquanto a China acumula vasta experiência em tecnologias sustentáveis. A parceria entre os dois países mostra que a coopera??o tecnológica pode transformar desafios ambientais em solu??es concretas e sustentáveis.