O regresso a Portugal
Dedicamos a terceira parte da entrevista ao desafio mais recente do nosso convidado de ensinar o idioma chinês aos seus conterraneos e às aulas de comunica??o intercultural, na Universidade do Minho. Esta gera??o de “caloiros”, reconhece, tem “cada vez menos o preconceito profundamente enraizado até há bem pouco tempo na nossa sociedade para com a língua chinesa”, revelando alguma surpresa (e regozijo) pelo facto de apresentar uma língua (e consequentemente, uma cultura) t?o distinta a uma audiência confiante em aprendê-la.
Sérgio com alguns dos seus alunos portugueses.
Este espírito de mente aberta por parte dos alunos, porém, n?o significa que estejam imunes de trope?ar nas várias encruzilhadas que a lógica distinta de articula??o das duas línguas contempla. “Ao ensinar as refei??es em chinês: 午飯 (almo?o),晚飯 (jantar), etc, perguntei-lhes se, por analogia, conseguiam adivinhar como se diria pequeno-almo?o. A resposta foi: 小午飯.”
Para os nossos leitores que já se aventuraram a aprender a língua chinesa, com certeza se identificar?o com algumas das situa??es caricatas que o Sérgio nos apresenta. “Quando estava a ensinar o pinyin (sistema de romaniza??o da língua chinesa), tive que refor?ar de antem?o para terem cuidado e n?o trocarem as palavras terminadas em ?-ian? por ?-ien?. Este é um dos erros mais comuns para os falantes de português… Outro caso que tive que avisar os alunos foi, por exemplo, quando queremos dizer ?Ele é muito alto?. Em português temos que usar necessariamente um verbo. No inglês idem. Os alunos portugueses têm, por isso, a tendência de dizer ?他是很高? (Ta shi hen gao). No chinês, tirando em casos excepcionais, isso n?o acontece”.
![]() |