Por John S. Marshall, Gao Lu e Sun Ding
Houston/Washington, 22 dez (Xinhua) -- à medida que os últimos dias do ano se aproximam, os americanos est?o enfrentando um marco sombrio, já houve mais tiroteios em massa em 2019 do que o total de dias do ano.
Até domingo, ocorreram 404 casos de tiroteio em massa nos Estados Unidos, segundo o Arquivo de Violência Armada (AVA), uma corpora??o sem fins lucrativos que rastreia a violência armada em todo o país. Este é o número mais alto desde que a organiza??o come?ou a coletar dados em 2013.
O AVA define tiroteio em massa como qualquer incidente que resulte em quatro ou mais pessoas sendo baleadas, sem incluir o atirador.
ANO MORTAL
De acordo com o AVA, 14.801 pessoas foram mortas e 28.613 pessoas feridas por armas nos Estados Unidos até 22 de dezembro, excluindo o suicídio.
Parece que dificilmente há um dia em que n?o tenha tiroteio em massa em algum lugar do país. Mas, na realidade, geralmente s?o apenas alguns dias que tem entre um tiroteio e outro. Os americanos ficaram entorpecidos com o que antes era uma notícia chocante.
"Minha cren?a pessoal é que estamos ficando mais duros com a violência e os insensíveis padr?es da mídia de massa", disse Gail McConnell, que trabalhou como promotora por 25 anos no Texas antes de se aposentar.
"A expectativa contínua em todo e qualquer evento, o desprezo insensível pela vida em programas de TV, filmes e videogames e o crescente isolamento permitido pela tecnologia de telefonia celular. E o sentimento de direito", acrescentou McConnell.
Residentes dos estados do Ocidente parecem estar mais à vontade com a chamada "cultura de armas".
No estado do sul do Texas, geralmente considerado um estado favorável ao uso de armas, seus cidad?os olham com desconfian?a para as leis de controle de armas ou qualquer tentativa percebida como um movimento para colidir com o direito constitucional de portar armas.
No condado de Montgomery, no estado, as autoridades declararam o condado como um "santuário de armas".
Os comissários do condado votaram 5 a 0 durante sua sess?o de 19 de novembro a favor de uma resolu??o que "manterá a capacidade dos cidad?os de manter e portar armas sem a amea?a de ramifica??es legais adversas".
Com a aprova??o unanime da resolu??o, o condado de Montgomery, com uma popula??o de 570.000 habitantes, se tornou o condado mais populoso do Texas a se tornar um santuário de armas, segundo autoridades do condado.
Em todo o país, existem mais de 200 municípios e 11 cidades que se declararam santuários de armas, disseram autoridades.
CRIME DE óDIO
O tiroteio mais mortal até agora em 2019 foi na cidade de El Paso que faz fronteira entre EUA-México, onde 22 pessoas foram mortas e 24 outras feridas em um tiroteio no Walmart no início de agosto. O caso estava sendo processado como crime de ódio.
O atirador postou um discurso retórico contra imigrantes em um fórum de discuss?o extremista an?nimo, citando como inspira??o o atirador da mesquita de Christchurch, na Nova Zelandia, que deixou 51 mortos em mar?o.
Em abril, um homem que abriu fogo em uma sinagoga de San Diego também postou uma nota on-line quase idêntica à escrita pelo assassino em massa de Christchurch.
A nota, cheia de linguagem contra semita e supremacia branca elogiosa, nomeou o assassino de Christchurch e o homem acusado de atirar fatalmente em 11 pessoas dentro de uma sinagoga de Pittsburgh em outubro de 2018 como inspira??es para o ataque.
Descrevendo a rea??o da popula??o local ao tiroteio em El Paso, William G. Weaver, co-fundador e diretor do departamento de ciência política da Universidade do Texas em El Paso, disse que as pessoas estavam "consternadas, tristes, sombrias e incrédulas" com o massacre que aconteceu em uma cidade remota e segura.
"A ideia de que uma pessoa viajaria 960km para matar pessoas de El Paso é o que colocou a cidade em choque. A ideia de que uma pessoa carregasse ódio a tal distancia para matar pessoas em uma cidade porque é predominantemente mexicana-americana é incompreensível para os cidad?os em nossa cidade isolada e insular", continuou ele.
Os estudiosos argumentam que esse crime de ódio n?o é um fen?meno novo na história dos EUA. No entanto, eles observaram que há um número crescente de tiroteios em massa que envolvem ódio e preconceito de ódio nos últimos anos.
Jon R. Taylor, professor de ciências políticas e presidente do departamento da Universidade do Texas em San Antonio, acreditava que as raz?es sociais e políticas para crimes de ódio variam "do extremismo político e racial de extrema direita ao extremismo religioso e preconceito étnico ao viés LGBTQ".
Sua opini?o foi refor?ada por Peter J. Li, professor associado de política do Leste Asiático da Universidade do Centro de Houston. Segundo Li, o número de crimes de ódio aumentou desde as elei??es gerais de 2016.
No entanto, Taylor viu o problema com raízes mais complicadas. Ele também apontou que existe apenas um segmento muito pequeno da sociedade americana que parece mais suscetível à retórica extremista e atua sobre ela. Embora seja difícil pará-lo completamente, a vigilancia pública e a educa??o podem realmente ajudar a diminuí-lo.
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