A pandemia do novo coronavírus tem levado o mundo a se questionar sobre a sua origem.

“Isto n?o é apenas para satisfazer a curiosidade, mas mais importante que isso, é pela relevancia para a preven??o e tratamento de doen?as infeciosas. Apenas encontrando a fonte do vírus e compreendendo como o pat?geno se desenvolve para um vírus que afeta o ser humano, podemos perceber quando um surto ocorre. Apenas desse modo é possível consciencializar a popula??o para a preven??o”, disse Zhao Guoping, um acadêmico da Academia Chinesa de Ciências e investigador na Academia de Ciências de Shanghai, durante uma entrevista ao Science and Technology Daily.

No entanto, embora os cientistas em todo o mundo se debatam com a pesquisa do vírus, parece que a sua origem é ainda algo confuso. “De fato, n?o apenas o novo coronavírus, mas várias doen?as na história da humanidade, tal como AIDS, SARS, etc, embora tenham registrado grandes progressos na determina??o da sua origem, é ainda difícil tra?ar o vírus. é algo que leva muito tempo e há ainda incertezas”, declarou Zhao.

Zhao Guoping referiu que o rastreamento do vírus requer evidências. Essas evidências surgem no processo do apuramento científico. Existem dois tipos de evidências, uma é a biológica e depende da medicina e da epidemiologia. A outra decorre de procedimentos de biologia molecular, incluindo o sequenciamento do genoma, dete??o de anticorpos, etc.

A dete??o do paciente 0 é fundamental para compreender o processo de evolu??o epidemiológica, mas é também especialmente difícil de aferir.

Nos últimos anos, a tecnologia da bioinformática desenvolveu-se rapidamente. Os cientistas s?o agora capazes de determinar a rela??o genética com o processo de transmiss?o entre diferentes estirpes de vírus através da compara??o. é até possível calcular a origem temporal de um determinado vírus através da análise molecular. Porém, em termos de rastreamento, n?o é ainda possível descartar as investiga??es tradicionais epidemiológicas.

No ponto de vista de Zhao Guoping, o rastreamento de um vírus de uma fonte natural assemelha-se a uma investiga??o criminal. Quando a polícia chega à cena do crime, primeiro s?o coletadas as provas, e depois s?o equacionados vários cenários. Equanto isso, o suspeito confessa o crime, e é identificado o local do primeiro caso, juntamente com o esconderijo da armas usadas. A existência de incongruências entre estes dois fatores podem levar à ausência de resultados concretos.

Os vírus s?o bastante astutos, especialmente aqueles que s?o compostos por ácido ribonucleico (RNA) em vez de ácido desoxirribonucleico (DNA), sendo mais propensos a muta??es com maior velocidade e grau.

Zhao crê que, durante o processo de transmiss?o entre espécies, o vírus precisa de acumular muta??es para se adaptar ao novo portador (ser humano), formando um “clone transmissivo” que se espalha através da popula??o. No entanto, a maioria das muta??es no processo inicial n?o têm um “fenótipo” claro, sendo que a probabilidade de dete??o natural é muito baixa. Esta é, todavia, a “evidência científica” necessária para o rastreamento.

"O rastreamento do vírus é extremamente difícil e contém muitos fatores que n?o podem ser controlados. Algumas evidências s?o perdidas e podem nunca ser encontradas. Em muitos casos, é impossível interligar a cadeia evolutiva. Mesmo após pesquisas exaustivas, pode n?o ser possível atingir dados conclusivos, apenas suposi??es. Deste modo, é preciso que todos mantenhamos a razoabilidade de nossas expetativas”, concluiu.