Pessoas fazem fila para realizar teste de ácido nucléico no domingo no Hospital Youan de Beijing, a alguns quil?metros do mercado de Xinfadi, ligado ao mais recente surto de Covid-19. Foto: Chen Hao / China Daily

Especialistas afirmaram que é extremamente improvável que frutos do mar como o salm?o sejam portadores do novo coronavírus, encontrado em tábuas para salm?o importado no mercado atacadista de Xinfadi, em Beijing, o novo epicentro de infec??o por Covid-19 na China.

Beijing registrou 36 novos casos transmitidos no país no sábado (13), todos ligados direta ou indiretamente ao mercado de Xinfadi, o maior mercado atacadista de alimentos e vegetais da cidade. O mercado foi fechado para conter a propaga??o da Covid-19.

Zeng Guang, pesquisador sênior do Centro Chinês de Controle e Preven??o de Doen?as (CDC, na sigla em inglês), disse no domingo (14) que, com base em análises preliminares dos dois primeiros casos, a estirpe do coronavírus no último surto é diferente daquela encontrada na China, e os dados iniciais sugerem que é uma variedade modificada da Europa.

No entanto, Zeng enfatizou que as pessoas devem aceitar essa descoberta com um gr?o de sal, à medida que mais testes est?o sendo realizados para confirmar a origem do vírus.

Wu Zunyou, epidemiologista chefe do CDC, disse em um comunicado no sábado que os peixes em seu habitat natural n?o podem pegar o coronavírus, no entanto, eles podem ser contaminados pelos trabalhadores durante a captura ou transporte.

A China importa cerca de 80.000 toneladas de salm?o resfriado e congelado a cada ano, de acordo com o site de notícias Jiemian.com. Chile, Noruega, Ilhas Faroé, Austrália e Canadá s?o as principais fontes de importa??o de salm?o.

Wu disse que n?o se pode concluir que o salm?o é a fonte de infec??o apenas porque um novo coronavírus foi detectado em tábuas de corte.

"Nossos produtos de frutos do mar s?o normalmente armazenados e transportados em contêineres frios, portanto, é possível que o vírus seja preservado por um longo tempo e aumenta a probabilidade de infectar pessoas", disse ele.

Wu disse que o novo surto em Beijing pode ter duas explica??es possíveis. A primeira pode ser o influxo de carne e frutos do mar para o mercado de todo o país e do mundo. Algumas delas podem ter sido contaminadas pelos trabalhadores durante o processamento e o transporte, tendo o vírus saltado dos produtos para as pessoas.

A segunda possibilidade é a transmiss?o de pessoa para pessoa. "A pessoa infectada que trouxe o vírus ao mercado pode ser assintomática ou ter sintomas muito leves, e a agita??o do mercado levou ao aglomerado de novas infec??es", afirmou.

Wu disse que n?o há necessidade de entrar em panico, já que Beijing se move rapidamente para conter o surto. "O know-how acumulado nos últimos meses e com o uso de tecnologias avan?adas como big data nos ajudou muito em nossas iniciativas de rastreamento e diagnóstico de contatos", afirmou.

"As informa??es valiosas que estamos coletando ser?o instrumentos nos esfor?os de preven??o de Beijing podendo até revelar novas ideias sobre os mistérios do modo de transmiss?o do vírus", acrescentou.

Gao Xiaojun, porta-voz da Comiss?o de Saúde de Beijing, disse no sábado que das 40 amostras ambientais coletadas no mercado que mais tarde foram testadas para conter o vírus, apenas algumas vieram de tábuas de corte de salm?o.

Um estudo de pré-impress?o realizado pela University College London no mês passado descobriu que a nova estirpe de coronavírus pode infectar humanos e uma ampla gama de mamíferos, mas n?o peixes, pássaros ou répteis.

Em abril, um estudo publicado na revista Asian Fisheries Science afirmou que o novo coronavírus é um tipo de betacoronavírus que só pode infectar mamíferos. Além disso, o vírus afeta principalmente o sistema respiratório, que a maioria dos peixes n?o possui. Isso significa que é muito improvável que o vírus infecte e se multiplique em peixes.