Um estudo realizado no Brasil constatou que a reinfec??o pelo novo coronavírus (COVID-19) pode provocar sintomas mais fortes da doen?a nos pacientes infectados, segundo divulgou a Funda??o Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira.
O estudo será publicado na forma de artigo científico em maio na revista Emerging Infectious Disease (EID), dos Centros de Controle e Preven??o de Doen?as (CDC), dos Estados Unidos, e serviu para demonstrar que uma parte da popula??o infectada levemente pelo vírus n?o desenvolve memória imunológica.
"Mostramos que um grupo de pessoas com sintomas leves de COVID-19 teve um segundo episódio da doen?a um pouco mais forte, porque n?o foi capaz de gerar uma memoria de imunidade depois do primeiro episódio", explicou o coordenador do estudo, Thiago Moreno, pesquisador da Fiocruz.
"Assim como vários casos brandos de COVID-19, essas pessoas tiveram o controle dessa primeira infec??o pela resposta imune inata, aquela que n?o forma uma memória consistente e de longo prazo", acrescentou Moreno.
Os estudos mostraram que a defesa do organismo com base nos anticorpos só se formou nesses pacientes após a segunda infec??o. "Isso nos mostra também que uma parcela da popula??o que teve a doen?a branda no primeiro episódio pode voltar a ter COVID-19 depois de algum tempo e n?o necessariamente ser branda de novo", disse o pesquisador.
Outra constata??o é que a possibilidade de reinfec??o com sintomas mais severos do vírus ocorre independentemente de se contrair a mesma variante da COVID-19 ou uma nova.
O estudo acompanhou 30 pessoas, entre mar?o e dezembro, com testes semanais.
Inicialmente, o objetivo n?o era investigar a reincidência do vírus e, sim, controlar a seguran?a do grupo em seu local de trabalho, mas, após as reinfec??es constatadas, os investigadores passaram a se concentrar nesses casos.
Moreno acrescentou que quanto mais brando for o quadro de COVID-19 em uma pessoa, maiores ser?o as possibilidades de que a memória imunológica n?o seja capaz de neutralizar o vírus em um segundo contato.
Além da Fiocruz, participaram também do estudo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D'Or de Ensino e Pesquisa (Idor) e da empresa chinesa MGI Tech Co.