O novo coronavírus pode deixar sequelas de déficit cognitivo, principalmente relacionado à capacidade visoconstrutiva (orienta??o no espa?o e habilidade para pintar e desenhar) em pessoas que tiveram uma forma leve da doen?a, segundo um estudo realizado no Brasil.

Entre os cerca de 200 pacientes estudados pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com idade média de 38 anos, um quarto apresentou déficits cognitivos nos primeiros meses depois da infec??o por COVID-19.

Também foram constatadas altera??es cognitivas importantes, esperadas em idosos com demência ou que sofreram traumas graves na cabe?a, por exemplo.

"Temos em nossa amostra jovens com sintomas cognitivos importantes e n?o esperados para suas idades, entre quatro e seis meses depois da infec??o por COVID-19", apontou o professor Marco Romano-Silva, do Departamento de Saúde Mental da UFMG.

Os pesquisadores observaram que essas sequelas apareceram um mês depois da cura do vírus. Entre os sintomas, est?o falta de aten??o e foco, desaten??o e perda de memória, características que também podem aparecer nas pessoas que tiveram COVID-19, mas de forma desigual.

"Mesmo sem sintomas respiratórios, a infec??o pode resultar em um quadro de COVID-19 longa, com manifesta??es n?o só no cérebro, como também em outros órg?os, como, por exemplo, o cora??o, e isto é um alerta", disse Romano-Silva, ao ressaltar que a vacina??o pode ter ajudado a evitar quadros mais graves e frequentes da chamada "COVID longa".

O estudo foi iniciado em agosto de 2020, quando ainda n?o havia vacinas contra o vírus e continuará agora analisando a evolu??o dos sintomas cognitivos e a possível rela??o com o tipo de vacina aplicada. Também se pesquisará se a variante ?micron provoca este déficit neurológico, e, em caso positivo, como está a evolu??o.