O número de projetos iniciados por empresas chinesas no Brasil em 2022 alcan?ou um recorde de 32, que representa um salto anual de 14%, segundo um estudo divulgado na ter?a-feira.
Em 2022, o Brasil foi o segundo país da América Latina a receber mais investimentos chineses, atrás da Argentina, e o nono do mundo, informou o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) no estudo "Investimentos Chinesas no Brasil 2022: Transi??o Tecnológica e Energética".
"A queda do valor investido n?o significa necessariamente que as empresas chinesas n?o estejam interessadas em investir aqui no Brasil. Além do número recorde de projetos, também foram anunciados outros, que n?o se materializaram em 2022 e provavelmente ser?o realizados em 2023 ou em 2024. Investimentos que s?o geralmente muito intensivos de capital, que requerem uma série de incentivos e longas negocia??es que podem acabar atrasando a realiza??o dos projetos", explicou o autor do estudo, Túlio Cariello, diretor de pesquisa e conteúdo do CEBC.
"é importante sinalizar que, diferentemente do investimento chinês, que diminuiu, o investimento estrangeiro em geral no Brasil cresceu 95% no ano passado. Acredito que isso demonstra que o mercado brasileiro continua sendo atraente para os investimentos, n?o só para o chinês, mas também para o investimento estrangeiro em geral."
Cariello destacou que, analisando o período de 2005-2022, o Brasil foi o quarto país do mundo a receber mais investimentos chineses, atrás apenas dos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, ressaltando que "foi o país em desenvolvimento que recebeu mais investimento chinês".
No mesmo período, de 96% de todos os investimentos chineses na América do Sul, o Brasil centralizou as cifras, com 48% do total, quase o triplo do Peru, o segundo país com mais investimentos chineses (17%). "Claramente, o Brasil é o país da regi?o que tem mais a oferecer", destacou o economista.
Das 22 empresas chinesas que anunciaram investimentos no Brasil, no ano passado, oito estavam investindo pela primeira vez.
O setor elétrico liderou os investimentos, com 16 projetos e US$ 588 milh?es anunciados, que representam 50% do total, com participa??o relevante no State Grid, além de projetos da China Three Gordes e SPIC.
Uma das novidades foi na área de tecnologia da informa??o, com oito projetos confirmados (quase 25% do total), enquanto o setor automotivo anunciou dois projetos de veículos elétricos. "Isto é muito transformador, inclusive o perfil das empresas chinesas na área automotiva", destacou Cariello.
Além disso, o setor manufatureiro recebeu investimentos sem precedentes em certas áreas, como a têxtil, através da gigante chinesa Shein e a fabrica??o de materiais para uso médico e dentário, com aportes da recém-chegada Angelalign.
A regi?o sudeste do Brasil, a mais populosa, continuou o principal destino dos investimentos chineses no Brasil em 2022, com 25 projetos. Foi seguida pelo centro-oeste e pelo nordeste, com cinco projetos cada um, e o pelo sul, com três. A soma supera os 32 do recorde anunciado porque há projetos que abrangem mais de um estado.
Cariello explicou que em 2022 a quantidade de investimentos chineses no Brasil era de US$ 71,6 bilh?es em 235 projetos, liderados pelo setor energético (36% do total), a indústria de manufatura (23%) e tecnologia da informa??o (13%).
Por valor, o setor elétrico concentrava 45% dos US$ 71,6 bilh?es, seguido pelo petróleo (30%) e a minera??o (6%).