A Presidência da COP30 declarou neste sábado que a conferência concluiu com "passos firmes", apesar das limita??es observadas em quest?es sensíveis de negocia??o, especialmente no debate sobre energia e na defini??o de novos instrumentos internacionais para acelerar a a??o climática.

Em coletiva de imprensa após o encerramento das negocia??es, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a negociadora-chefe do Brasil, Liliam Chagas, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, detalharam os resultados alcan?ados e os pontos que precisar?o continuar sendo abordados em 2026.

Corrêa do Lago enfatizou que a conferência ocorreu sob intensa press?o negocial, com um pacote de adapta??o particularmente complexo. Ele observou que as discuss?es come?aram com mais de 100 indicadores e que o consenso foi alcan?ado em apenas uma pequena porcentagem deles.

Finalmente, o documento foi concluído com 59 indicadores, que servir?o como referência para avaliar o progresso das políticas de adapta??o. Ele acrescentou que as discuss?es técnicas continuar?o em junho, durante o encontro intercúpulas em Bonn, na Alemanha.

Em rela??o à agenda energética, o presidente da COP30 afirmou que os países solicitaram mais estudos e propostas sobre formas de estruturar uma transi??o ordenada e compatível com as diferentes realidades nacionais. Ele disse que as interven??es do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudaram a elevar o perfil do debate e a mantê-lo como parte da agenda estratégica para os futuros ciclos de negocia??o. Enfatizou que a Presidência brasileira continuará a coletar dados, análises e propostas para orientar os países em futuras discuss?es.

Ana Toni observou que a COP30 alcan?ou um consenso significativo "em tempos geopolíticos difíceis", com uma agenda focada na implementa??o do Acordo de Paris. Ela destacou a apresenta??o de mais de cem planos voluntários em áreas como indústria verde, sistemas energéticos e gest?o de carbono, além dos 29 documentos aprovados. Para Toni, um dos principais avan?os foi elevar a adapta??o "a outro patamar", juntamente com o compromisso de triplicar o financiamento internacional até 2035.

Liliam Chagas afirmou que os países vulneráveis conseguiram fortalecer posi??es comuns e que o conjunto de indicadores aprovado servirá como uma "bússola" para medir o progresso. Ela também anunciou o fortalecimento do Acelerador Global de A??o Climática, um espa?o permanente para promover medidas concretas fora das negocia??es formais, bem como a cria??o de um fórum internacional dedicado à rela??o entre comércio e clima, um tema de crescente interesse para os países em desenvolvimento.

Em sua avalia??o final, Marina Silva afirmou que a COP30 ampliou a compreens?o pública sobre os impactos das mudan?as climáticas e refor?ou a importancia da integra??o entre mitiga??o e adapta??o, especialmente para os países mais vulneráveis. Ela observou que a conferência deu visibilidade ao conhecimento das comunidades amaz?nicas e destacou iniciativas como o mecanismo Florestas Tropicais para Sempre (TFF), que visa atrair investimentos para a conserva??o da biodiversidade.

Marina afirmou que a realiza??o da COP "no cora??o da Amaz?nia" permitiu que a regi?o mostrasse ao mundo seus desafios diários e enfatizou que o legado do encontro será compartilhado: "A Amaz?nia n?o apenas recebe um legado, como também oferece um".

Ao final do discurso, Marina fez uma defesa enfática da persistência das negocia??es multilaterais. Para ela, mesmo diante de atrasos, contradi??es e disputas entre os países, há uma continuidade entre a ambi??o que emergiu na Rio-92 e o esfor?o diplomático atual.

Ela agradeceu a presen?a das delega??es internacionais em Belém e afirmou que o Brasil buscou recebê-las "como gesto de amor à humanidade e ao equilíbrio do planeta". Emocionada, foi aplaudida de pé por todos os presentes.