A Rota da Seda Marítima: reavivando Zheng He
A segunda parte da iniciativa “Um Cintur?o e uma Rota”, tem um importante legado histórico, algo que a RPC n?o poderia deixar esquecer. O almirante Zheng He liderou entre 1405 e 1433 oito expedi??es que levaram a armada chinesa até à índia e à áfrica Oriental. é esta heran?a comercial e pacífica, que Pequim procura replicar atualmente a uma escala maior e mais ambiciosa. Este plano, no entanto, é aquele que se avizinha mais complexo e de solu??o menos óbvia.
O principal objetivo da Rota da Seda Marítima é o acesso ininterrupto a recursos energéticos através do mar do Sul da China, passando pelo estreito de Malaca. Esta necessidade n?o é nova, uma vez que a RPC tem estabelecido uma vasta rede de contactos com Estados africanos e do Médio Oriente, por causa dos seus recursos. Assim, a garantia de que esta importante via de comunica??o se encontre segura terá que ser a principal meta para Pequim. Uma vez mais, as boas rela??es com os Estados vizinhos s?o fundamentais e a China tem feito esfor?os para que assim seja. O ano 2015 foi o Ano para a Coopera??o Marítima China-ASEAN, destacando a importancia que a Associa??o de Na??es do Sudeste Asiático (ASEAN) tem. A própria cria??o do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) destaca esta inten??o de manter contactos com a periferia. O BAII poderá ser um dos pilares da Rota da Seda Marítima, servindo como fundo para a constru??o das obras necessárias ao apoio da Rota.
A capacidade negocial chinesa será posta à prova, se quiser, de forma decisiva e inquestionável, realizar tudo o que pretende do ponto de vista geoestratégico no Sudeste Asiático. Para come?ar, as disputas territoriais com países como as Filipinas ou o Vietname, ter?o que ser solucionadas, n?o com a imposi??o de vontades, mas através do consenso e do bem-comum. Trata-se de uma tarefa complexa e que em muito está relacionada com a presen?a norte-americana na regi?o. Os Estados Unidos da América (EUA), desde o final da 2a Guerra Mundial procuraram assegurar uma posi??o de poder na zona, através de alian?as (Filipinas) ou parcerias estratégicas (Vietname, Singapura, Indonésia e Malásia). Do ponto de vista militar, muitos dos Estados da ASEAN têm la?os fortes com os norte-americanos, algo que vai contra as pretens?es chinesas de desenvolver as suas próprias capacidades. A recente apresenta??o do ca?a de 5a gera??o J-20 em Zhuhai, foi uma clara demonstra??o de qual o caminho a percorrer pelas for?as armadas chinesas: inova??o e tecnologia, colocando Washington numa posi??o de potencial confronto no Pacífico.
Procurar solucionar estas quest?es através de consensos, n?o implica que Pequim renuncie ao seu pensamento estratégico. Em Novembro de 2014, na Conferência Central sobre Política Externa, o presidente Xi Jinping deixou claro que a busca pelo Desenvolvimento Pacífico n?o implicava abdicar dos seus interesses ou permitir que outrem prejudique o percurso preconizado pela lideran?a chinesa. O Tribunal Internacional de Haia em Julho deste ano, deu raz?o às Filipinas, considerando que Pequim violara os direitos soberanos de Manila. O presidente Xi reafirmou que as pretens?es chinesas n?o seriam afetadas e que as suas políticas iriam prosseguir como dantes. No entanto, é preciso referir que a postura do presidente Rodrigo Duterte dá esperan?a nesta quest?o, abrindo a possibilidade para uma maior aproxima??o entre os dois Estados. Na semana passada, foi anunciado que os pescadores filipinos poderiam voltar a operar junto do recife de Scarborough (Huangyuan Dao). O que fica provado é que n?o depende exclusivamente dos líderes chineses a concretiza??o da sua Rota da Seda Marítima, mas sim da compreens?o de todos os atores envolvidos de que há algo a ganhar com esta política.
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