Brasília, 15 jan (Xinhua) -- O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta ter?a-feira um decreto que flexibiliza o registro, a posse e a comercializa??o de armas de fogo no Brasil, uma das principais promessas de sua campanha eleitoral.
O texto assinado pelo político modifica um decreto de 2004, que regulamenta o Estatuto do Desarmamento. O Estatuto disp?e sobre regras para posse e porte de arma no país.
"Como o povo soberanamente decidiu por ocasi?o do referendo de 2005, para lhes garantir esse legítimo direito à defesa, eu, como presidente, vou usar esta arma", disse Bolsonaro, mostrando uma caneta antes de assinar o decreto.
"Estou restaurando o que o povo quis em 2005", justificou Bolsonaro mencionando o referendo realizado há 14 anos, no qual a maioria da popula??o rejeitou um trecho que restringia mais a posse de armas.
"Infelizmente o governo, à época, buscou maneiras em decretos e portarias para negar esse direito", disse Bolsonaro. "O povo decidiu por comprar armas e muni??es e nós n?o podemos negar o que o povo quis nesse momento", declarou.
O decreto entrará em vigor depois de publicado no Diário Oficial da Uni?o e se refere exclusivamente à posse, já que o porte de armas de fogo n?o foi incluído no texto.
Segundo o decreto, cidad?os brasileiros com mais de 25 anos poder?o comprar até quatro armas de fogo para guardar em casa ou no local de trabalho, no caso de donos e responsáveis por estabelecimentos comerciais e industriais. Também podem adquirir armamento os colecionadores, atiradores e ca?adores, devidamente registrados no Comando do Exército.
De acordo com o decreto, se na residência houver crian?a, adolescente ou pessoa com doen?a mental será necessário apresentar uma declara??o de que existe um cofre ou outro lugar com fechadura para guardar a arma.
Antes da compra, os cidad?os dever?o cumprir uma serie de requisitos, como passar por avalia??o psicológica e n?o ter antecedentes, mas n?o haverá necessidade de apresentar uma justificativa para a posse da arma.
O texto também amplia o prazo para a renova??o do registro da arma de cinco para dez anos e os registros ativos, feitos antes da publica??o do decreto ser?o renovados automaticamente pelo mesmo período.
Embora a flexibiliza??o da posse de armas tenha sido uma promessa de campanha do presidente Bolsonaro, o tema divide a popula??o.
Uma pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha no dia 31de dezembro indicou que 61% dos entrevistados consideraram que a posse de armas de fogo deveria ser proibida por representar uma amea?a à vida das outras pessoas.
O decreto foi a principal medida de governo adotada por Bolsonaro desde sua posse no dia 1o de janeiro. Até agora, o governo só tinha anunciado revis?es em contratos, libera??es de recursos e exonera??es e nomea??es de funcionários.