Beijing, 23 mai (Xinhua) -- "O processo de desenvolvimento econ?mico da China apresenta reflexos positivos para a economia global. O Brasil e a China mantêm um bom relacionamento, em especial no plano econ?mico, baseados na busca de benefícios mútuos derivados da complementaridade das nossas economias", disse o embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquita.
às vésperas das "Duas Sess?es", as sess?es anuais da Assembleia Popular Nacional (APN) do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), o embaixador afirmou, em resposta por escrito a perguntas enviadas pela Xinhuanet, que, em raz?o dos impactos da Covid-19 na economia chinesa e do intenso relacionamento econ?mico-comercial entre o Brasil e a China, as medidas econ?micas a serem anunciadas pela parte chinesa ser?o de especial interesse brasileiro. Segundo o diplomata, o Brasil prestará aten??o especial às políticas para a retomada do crescimento econ?mico e para o fomento ao consumo interno na China, pois o país asiático é grande importador de matérias-primas e de alimentos do Brasil.
Em termos da coopera??o sino-brasileira e de expectativas para o momento, Mesquita destacou a importancia especial do ano 2019 no relacionamento bilateral. Segundo ele, já no primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro houve um calendário intenso de visitas, "sinal inequívoco do dinamismo e da solidez dos la?os que unem o Brasil e a China", classificou.
Em maio de 2019, o vice-presidente, Hamilton Mour?o, visitou Beijing e realizou a quinta reuni?o do principal mecanismo de reuni?o bilateral, a Comiss?o Sino-Brasileira de Coopera??o e Concerta??o (Cosban). Em julho do mesmo ano, o conselheiro de Estado e ministro das Rela??es Exteriores da China, Wang Yi, visitou o Brasil e realizou, junto ao ministro das Rela??es Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, a terceira reuni?o do Diálogo Estratégico Global, principal mecanismo de coordena??o política entre os dois países. Em outubro, Bolsonaro fez visita de Estado à China, quando manteve encontros com o presidente chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro Li Keqiang.
Segundo o embaixador, em que pesem as circunstancias peculiares do ano 2020, há espa?os para a intensifica??o da coopera??o bilateral. Para o diplomata, na área de agricultura, o Brasil poderá aumentar sua oferta de produtos alimentares de qualidade, como carnes e gr?os, aos consumidores chineses. Além disso, afirmou, também seria possível discutir medidas concretas para ampliar a diversifica??o do comércio bilateral.
COOPERA??O EM SAúDE
Na área de saúde, Mesquita apontou que a China vem fornecendo ao Brasil equipamentos de prote??o individual, respiradores pulmonares e kits-teste para detec??o da Covid-19, mas há espa?o para melhorar a coopera??o.
O embaixador lembrou que diversas empresas e associa??es brasileiras fizeram doa??es à China durante os momentos mais sérios da pandemia no país asiático. E ressaltou que gestos semelhantes est?o ocorrendo, agora, no sentido inverso, com entidades chinesas doando materiais médicos para suas contrapartes no Brasil.
Mesquita destacou ainda que governos e empresas do Brasil têm também adquirido equipamentos médico-hospitalares -máscaras, roupas e óculos de prote??o, kits-teste e respiradores pulmonares- na China. Apenas o governo federal brasileiro, afirmou o diplomata, prevê o envio de 42 aeronaves de grande porte para buscar na China insumos médicos. Para ele, a coopera??o deve ser fortalecida de forma solidária, transparente e construtiva.
RECUPERA??O PóS-PANDEMIA
Segundo o embaixador, ainda é muito cedo para avaliar o impacto da epidemia na economia mundial. Isso porque, a propaga??o do vírus tem ocorrido a velocidades diferentes em cada país e, portanto, afetado as economias de maneira desigual. Mesquita lembrou que há países que adotaram o lockdown estrito, como foi o caso da própria China, mas também há países que adotaram medidas mais flexíveis em fun??o de circunstancias locais. Para o diplomata, tais fatores geram impactos significativos e desiguais sobre a oferta e a demanda agregada e, como resultado, alteraram a demanda externa por bens e servi?os.
Já quando pensa nas transforma??es em curso na sociedade e na economia chinesas, estas s?o acompanhadas com admira??o e interesse em todo o mundo, segundo ele. Mesquita destacou o fato de o processo de crescimento econ?mico ter retirado da pobreza mais de 700 milh?es de pessoas em poucas décadas, com impacto positivo para o povo chinês e para o resto do mundo. "O crescimento econ?mico n?o é um fim em si mesmo. Ele deve ter sempre como objetivo último a melhoria das condi??es de vida da maioria da popula??o. Esta é uma li??o que o Brasil e a China compartilham e repetem ao mundo."
Voltando a falar especificamente sobre a China, disse o embaixador, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), desde 2008 a China respondeu por cerca de 30% do crescimento mundial. Como n?o poderia deixar de ser, ponderou ele, este é um tema que o Brasil acompanha com interesse e, neste processo, busca focar na amplia??o e diversifica??o do comércio bilateral e dos fluxos de investimento.
FUTURO DA COOPERA??O BILATERAL
Mesquita garantiu que o Brasil tem visto com grande interesse as a??es da China em ampliar as importa??es. Eventos inovadores como a Exposi??o Internacional de Importa??o da China, segundo o diplomata, chamam a aten??o por promover uma plataforma onde os produtores estrangeiros podem ofertar seus produtos para o grande público chinês. é uma iniciativa que sinaliza o desejo da China em aprofundar rela??es mutuamente benéficas com outros países.
Além disso, o embaixador afirmou que tem trabalhado com autoridades chinesas para ampliar o acesso de produtos agrícolas brasileiros ao país asiático, lembrando que o Brasil é um provedor seguro e confiável de produtos alimentares de alta qualidade para o consumidor chinês.
A fim de dar mais vigor à rela??o sino-brasileira, Mesquita também disse que o Brasil acompanha com grande interesse as reformas regulatórias que a China tem implementado para permitir investimentos estrangeiros em mais setores.
Falando especificamente sobre o Brasil, o embaixador brasileiro comentou que o país sul-americano está em fase de finaliza??o dos preparativos do leil?o de 5G, que deverá ocorrer nos próximos meses, uma vez que já terminou a fase de consulta pública. Segundo o diplomata, espera-se que para o final de 2021 ou início de 2022 seja possível fazer o lan?amento comercial do 5G no Brasil.
Ele destacou que no campo da coopera??o tecnológica e científica, o Brasil aumentou as atividades na área de startups e parques tecnológicos, especialmente no ambito do BRICS.
Em termos das rela??es bilaterais, o embaixador disse que está prevista para o segundo semestre deste ano uma série de atividades, por meio remoto, entre fintechs do Brasil e da China, aproximando essas empresas para a identifica??o de oportunidades e, após o restabelecimento de frequência regular de voos, facilitar o intercambio direto nesse setor. Uma outra linha de trabalho, comentou o diplomata, é o setor de inteligência artificial, em que a embaixada brasileira tem trabalhado para promover contatos. "Temos adiantado contatos e estabelecido pontes para que entidades brasileiras e chinesas possam iniciar coopera??o nessa área."