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| Mulher participa da 45a edi??o do evento Tianguis Turistico México, na cidade de Mérida, estado de Yucatán, sudeste do México, no dia 17 de novembro de 2021. (Xinhua/Mario Armas) |
Apesar de estarem a mais de 13.500 km de distancia, a China e o estado mexicano de Yucatán têm um relacionamento longo que permeou a história maia e moldou a identidade yucatecana, segundo um acadêmico local.
Luis Alfonso Ramirez, estudioso da Universidade Aut?noma de Yucatán, tra?ou a história em seu livro chamado "El dragon y la ceiba. Chinos en el pais de los mayas. Siglos XIX a XX" (em tradu??o livre: O drag?o e a sumaúma. Chineses nas terras maias. Séculos 19 a 20), que explica a rela??o entre a China e o México desde muito antes do que algumas percep??es contemporaneas sugerem, mesmo em estados com identidades muito específicas, como Yucatán.
"A cultura popular, o conhecimento atual e a vida cotidiana pensam que a rela??o com a China come?ou no século 21, com a nova presen?a internacional e economia da nova China, mas a rela??o do país com a América Latina e o México, e com Yucatán, dura séculos", disse Ramirez à Xinhua recentemente.
As evidências históricas analisadas por Ramirez em seu livro mostram que a presen?a chinesa em Yucatán remonta ao século 19.
Em 1866, disse Ramirez, um navio desembarcou em Belize com cerca de 480 chineses, que vieram trabalhar nas planta??es de madeira inglesas. Destes, um pequeno grupo se rebelou devido às más condi??es de trabalho e entrou na selva de Yucatán, dominada pelos maias.
O segundo grupo de migrantes chineses para Yucatán foi organizado para o cultivo de henequen (uma planta de agave), que foi o pilar da economia da península de Yucatán durante os últimos anos do século 19 e a primeira metade do século 20.
O número de chineses em Yucatán e seu impacto nas comunidades locais aumentou quando chineses que n?o trabalhavam no cultivo de henequen come?aram a chegar por conta própria durante as primeiras décadas do século 20, detalhou Ramirez.
Os chineses que se estabeleceram em Yucatán gradualmente e englobaram a identidade maia em "um processo de sincretismo e miscigena??o cultural e cria??o de uma identidade regional", segundo o especialista.
Nesse processo, elementos chineses foram integrados à identidade moderna da regi?o. Como resultado dessa integra??o, que ocorreu principalmente nas primeiras décadas do século 20, o chinês foi a segunda língua mais falada em Yucatán até pelo menos a década de 1930.
Os chineses também criaram "uma pequena Chinatown atrás do Mercado Grande em Mérida", capital de Yucatecan e uma das cidades mais conhecidas do México, disse ele.
"Eles passaram de migrantes a atores políticos do Estado", ao estabelecer organiza??es como a Associa??o Chinesa de Yucatán em 1917 e a Liga de Resistência dos Trabalhadores Chineses em 1918, disse Ramirez.
Desde que a China ingressou na Organiza??o Mundial do Comércio, Yucatán teve outro afluxo de migrantes chineses, que vieram para o México com investimentos de grande escala.
Um rastreamento da presen?a histórica chinesa em Yucatán mostra que os la?os culturais podem superar a longa distancia, de acordo com o especialista.
Mexicanos e yucatecanos "têm uma perspectiva e um contato com a China que é novo e diferente", disse Ramirez, acrescentando que "a forma de entender as identidades regionais é compreender que somos mesti?os, culturalmente. Temos muitas influências, e nossa identidade é realmente uma mistura de elementos culturais, linguísticos e até gastron?micos que consideramos únicos".